[GAMES] INTO THE BREACH (ou cancelando o apocalipse, um tile de cada vez)

| terça-feira, 9 de julho de 2019
 
Eu tenho más notícias para vocês, meninos e meninas de um futuro vindouro: os kaijus vieram das profundezas do oceano e nós perdemos. Já era, babaus, dançamos a dança dos babuínos selvagens, já eras. Tendo encontrado seu fim no ano de 2150, acabou que nunca vimos o final de The Walking Dead.

Mas tenho uma boa notícia: a recem descoberta tecnologia de viagem no tempo permite os ultimos esforços da resistencia humana enviar três mechas aos primeiros dias da invasão e salvar a raça humana da obliteração eminente. Originalmente essa tecnologia tinha sido desenvolvida para dar em cima da Kate Perry quanto ela ainda era uma adolescente sem autoestima, mas suponho que enviar mechas para enfrentar kaijus é um uso tão bom quanto.

Into the Breach é um pequeno RPG tático (tipo, literalmente pequeno: você luta em grids de 8x8) e é um jogo sobre o acúmulo de pequenas decisões, boas ou ruins. É um jogo que nunca deixa você esquecer suas batalhas anteriores, especialmente seus fracassos.



Eis como o combate funciona: no começo do turno os kaijus agem e preparam seu ataque. A grande coisa é que o ataque deles só será executado no final do seu turno, então você tem uma rodada inteira para reposicionar os adversários (ou destruí-los) para impedir que seus ataques destruam prédios, seus mechas e se possível, fazer com que eles acertem uns aos outros.

Isso porque além de causar dano, empurrar e puxar os adversários é parte integrante das habilidades dos seus mechas - na verdade, dos três mechas apenas um é focado em porrada sendos que os outros dois são especialistas em ataques de longa distancia que empurram e puxam.


Nesta cena, por exemplo, aquela linha pontilhada indica que no final do turno  o inseto vai disparar em linha reta naquela direção. Você quer que ele acerte os prédios, então tem algumas coisas que você pode fazer a respeito.

Você pode puxa-lo em direção a agua, ele se afoga e morre. Ou você destruí-lo, sendo que se você o atacar em direção as montanhas ele vai tomar um adicional. Você pode também empurrar um inimigo para a linha de tiro para ele levar o talagasso por você. Em ultimo caso, você também pode querer colocar um dos seus mechas na frente do tiro para impedir que os prédios sejam atingidos.

Mas porque você faria isso?

Por causa do power grid.


O Power Grid é da onde vem a energia dos seus mechas, e se chegar a zero é game over. Na hora, sem choro nem vela. O Power Grid diminui toda vez que uma construção é atingida, então não raramente proteger as habitações dos cidadãos é mais importante que salvar seus mechas.

NÃO, ESPERA, ENTÃO ELES FIZERAM UM JOGO DE MECHAS QUE EXISTE UMA RAZÃO MECANICA PARA VOCÊ SER HERÓICO E LUTAR PARA PROTEGER AS PESSOAS?

Sim, exatamente isso.

UHUU

Uhuu, indeed! Que delicia, cara!

Uma das melhores coisas de Into the Breach é que não existe nada aleatório no jogo, já que as ações dos kaijus já estão estabelecidas antes do começo do seu turno e os danos dos ataques são valores fixos, então o jogo rola como um divertido puzzle de como usar os objetos do cenário a seu favor para maximizar o dano em cada rodada e evitar seus mechas e as construções sendo defendida tomem dano.

Olha só esse cara dando mole do lado da lava, seria uma pena se alguém acidentalmente o empurrasse para o lado
Só de fazer um RPG tático extremamente simples porém muito divertido sobre lutar e manipular seus oponenentes a Subset Games já poderia considerar o dia por encerrado e ir celebrar na sua fazenda de lolis.

Porém eles decidiram que iam fazer as coisas direito e a diversão não para por aí.


Cada uma das quatro ilhas do mapa tem várias fases e a coisa aqui é que você não faz todas as fases de uma ilha: você fazer cerca de 5 ou 6 das oito fases de cada mapa. O diferencial entre elas é as recompensas que elas dão: talvez você esteja precisando de Power Grid para não tomar um game over nas fuças, talvez você queira as estrelinhas (que são a moeda do jogo para comprar novos equipamentos), ou talvez você queira as pokebolas ali que são o "mana" que permit equipar os novos equipamentos que você comprou.

Falando em equipamentos, o legal o jogo não tem nenhum item de "ataque +2" ou algo chato assim que só aumenta o dano. Todos os upgrades necessariamente dão habilidades novas aos seus mechas, que permitem você manipular o campo de batalha de diferentes formas.

Um dos upgrades disponiveis é esse canhão laser que causa 3 de dano na casa adjacente, 2 na segunda e 1 nos demais da linha... só cuidado para não atirar nos coleguinhas ou nos seus prédios
Entretanto as recompensas que as dão não vem de graça, é necessário atingir certos objetivos dentro das lutas para ganhar os seus bonus:


Nesta fase, por exemplo, você ganha uma estrelinha se impedir que os Vek ganhem reforços três vezes (eles sempre emergem do chão, no começo do turno também é marcado no mapa onde vai spawnar inimigos), seja você ficando parado em cima do terreno de onde eles vão sair, seja fazendo um inimigo parar em cima de onde eles vão sair. Como quem causar o bloqueio toma um de dano, o melhor cenário possível é empurrar ou puxar os inimigos para que eles próprios bloqueiem os reforos.

O outro objetivo desta fase é proteger a Coal Plant (o prédio que é diferente ali), o que dá um power grid. Ainda dá pra ver que essa fase tem minas no chão (os discos com luzes vermelhas) e um riozinho, ou seja tem muito o que dá para fazer aqui.


Existem vários riscos ambientais no mapa, de modo que sempre tem alguma coisa interessante acontecendo. Sejam tsunamis, vulcões, enchentes ou um trem em movimento, sempre tem algo. Nesta fase, por exemplo, os quadradinhos amarelos indicam onde a força aerea vai bombardear no fim do turno - matando qualquer coisa que estiver nesse espaço. A este ponto, você já sabe onde você não quer estar e onde quer empurrar os inimigos.

Também é possível ver a ordem que as coisas serão executadas, o que ajuda a você se planejar melhor. Ou seja, Into the Breach é praticamente um boardgame só que o jogo faz as contas por você.

Depois de eliminar as ameaças nas quatro ilhas, resta uma última missão de ir até o ninho dos Vek, plantar uma bomba e proteger a bomba até ela detonar, então vazar enquanto tudo explode porque é assim que nós rolamos, fuck yeah!

Mechas e kaijus são tão legais, é realmente impressionante o número pequeno de bons jogos sobre o tema. "Into the Breach" nailed down tudo que podia ser feito sobre o tema, tanto tematicamente como mecanicamente. Mais cool que o James West, guys!

Este cubo é a bomba plantada no ninho dos Vek. Defendam-na até o apocalipse ser cancelado!


Não fosse tudo isso acontecendo em um tabuleiro de 8x8, o jogo ainda reserva uma última surpresa: quando você realiza as conquistas do jogo, você ganha moedas que podem ser usadas para desbloquear novos times de mechas com habilidades inteiramente novas!

Como por exemplo a Steel Judoka, que é um time de três mechas sem nenhum poder de ataque direto mas com enorme resistencia e todas habilidades em arremessar e puxar adversários, dando uma forma inteiramente de explorar o jogo.

Sério, esse jogo tem uma quantidade absurda de conteúdo para um jogo tão simples cuja campanha dura apenas poucas horas, mas que de alguma forma os caras fizeram o que era possível para agregar replayzibilidade de todas as formas possíveis.

Esse jogo faz apenas tudo certo e eu não vejo como poderia ser melhor no que ele se propõe a fazer.
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