Onde a magia acontece

[ANIMES] NARUTO SHIPPUDEN: as melhores lutas

| domingo, 20 de dezembro de 2020
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Como já dizia o grande pensador Bruno Mars, Naruto ainda não acabou. Nem acho que vai terminar um dia, porque se for depender da Pierrot dizer "acho que tá bom, né?".... Mas pelo menos a adaptação do mangá principal terminou - o que no meu livro é um bom momento para saltar fora do barco. Vamos parar enquanto estamos ganhando, né?


E aproveitando este momento de alegria e vitaminas cereais, vamos falar sobre as melhores lutas da série. Só TOP daqui para frente!


Guy vs Madara

O sobrancelhudo-sensei é um dos meus personagens favoritos na série inteira. Não só porque sua sem-noçãozice é divertidíssima de se assistir, mas porque, diferente de todos os ninjas do anime, ele não tem nenhuma habilidade especial. Ele não vem de nenhuma família foda (o pai dele era bem perdedorzão), não possui nenhuma habilidade lendária ou a alma do capiroto preso dentro dele. Nada mesmo.

E obviamente todo mundo sempre riu dele por causa disso, em um mundo onde qualquer criança consegue acertar um mosquito com uma kunai do outro lado da cidade, ser "normal" é a coisa mais constrangedora que pode te acontecer. Muitos ficariam chateados, revoltados, até mesmo decepcionados com sua posição na vida.

Mas não Might Guy, por Deus, não Might Guy. Ele transformou os risinhos de deboche em incentivo e a negatividade em otimismo. Guy é realmente um cara fantástico, e foi recompensado por isso justamente no finalzinho da série, quando já não havia muita esperança, foi ninguém menos que o cara sem talento herdado nenhum que parou o lendário Madara até o Naruto chegar.

Mais importante que isso, na verdade, ele conseguiu arrancar elogios do marrentinho-mor Madara, e fez o que nem mesmo o famoso primeiro Hokage conseguiu fazer: moeu o Madara na porrada. Claro que àquela altura o Madara estava bufado até a alma e não morreu, mas não importa. Ficará para sempre na história que o cara sem habilidade alguma se tornou o maior mestre de Taijutsu de todos os tempos. A Fera Sublime Verde de Konoha.

Quando você acredita em você mesmo e dá o seu melhor, qualquer milagre é possível.

Naruto vs Sasuke (batalha final)
A última luta do anime (ao menos ao que concerne a adaptação do mangá) é alguma coisa excepcional. Ela agrada a todos os gostos: tem discussões melodramáticas sobre ideais e razões para lutar, tem terra tremendo com explosões de energia e, surpreendentemente, uma das sequências mais sangrentas em um anime shonen. Considerando todos os poderes divinos que os dois acumularam ao longo da série, essa luta veio para testar todos eles e a determinação de ambos.

Toda luta contra a Kaguya parece que teve o orçamento de um papel machê e uma zarabatana, mas ficou claro que eles estavam guardando para colocar aqui. A qualidade da animação é nível de filme, mas, hey, se tem algum momento que você vai gastar todo seu dinheiro tem que ser esse.

O que jogou a coisa para cima foi sua execução perfeita. Durante quarenta minutos não houve encheção de linguiça, nenhum diálogo estranho, nenhum flashback inútil de cenas que todos nós conhecemos. Com efeito, na primeira metade da luta não houve sequer diálogos, apenas efeitos sonoros. Havia apenas os dois melhores ninjas do mundo brigando um com o outro. A série tinha sido construída para chegar até este ponto desde o início, e os produtores sabiam que esse não era o momento de ser nada menos do que perfeito. E foi perfeito.

Pain vs Jiraya
Uma coisa que eu não gosto na narrativa de animes shonen é que eles são desnecessariamente auto-explicativos. Quando alguém faz alguma coisa, ela é ridiculamente explicada como se fosse um filme do Christopher Nolan. E repetido, repetido e repetido. De modo geral os japoneses não curtem muito essa coisa de deixar o espectador tirar suas próprias conclusões.

Exceto dessa vez. A última luta do mestre do Naruto é magnífica, fluída e ágil. Jiraya e Pain começam a puxar poderes sem ninguém ficar narrando para o espectador o que eles estão fazendo, mas ao mesmo tempo consistente, dentro de uma lógica em que você consegue tirar suas próprias conclusões sobre o que esperar - e não do tipo "ah, o autor acabou de inventar isso do nada agora". O que meio que é o problema de Overlord, por exemplo.

Aqui não, o equilíbrio entre o que precisamos saber e a exposição narrativa desnecessária é sublime. E com efeito, só algum tempo depois, quando o Naruto vai treinar com os sapos, é que é explicado o que o Jiraya estava fazendo naquela luta. Fantástico.

E claro, sem dizer que ajuda muito que a cena final é uma das cenas mais bonitas que eu já vi em um anime. O conto do galante Jiraya teve um final lindo.

Shikamaru vs Hidan
Verdade seja dita, todas as lutas da Akatsuki são fenomenalmente boas. Até a Sakurinha consegue brilhar nessas lutas, veja só você. Mas, de todas, a minha favorita é a do gênio de Konoha contra um dos ninjas mais irritantes que o Nagato conseguiu encontrar.

O Shikamaru é outro personagem que eu gosto bastante no anime, talvez porque eu me identifique muito com ele. Ele é absurdamente inteligente, porém sua inteligencia só é superada por sua falta de interesse em fazer as coisas. Shikamaru poderia facilmente ser Hokage se ele quisesse, mas o ponto é que ele não quer porque, sério, já viu quanto trabalho essa porra dá? Não, mesmo, é um trabalhão dos infernos - melhor deixar para outro.

Por isso ele luta relativamente poucas vezes mas, quando o faz, bem, esse foi o seu melhor momento. O Hidan, que foi construído para te fazer querer socar a cara dele - e com muito sucesso em despertar essa sensação - conseguiu a proeza de irritar profundamente o ninja mais inteligente ao anime. O resultado foi tão satisfatório de ver quanto se poderia esperar.


Naruto vs Pain
A luta do Naruto contra o Pain é a favorita de muita gente, e não faltam motivos para isso. A Vila da Folha é destruída, o Naruto aprende a controlar a Kurama, ele encontra o seu pai pela primeira vez, é a última luta da Akatsuki, o Naruto finalmente é reconhecido como herói da vila, os níveis de poder são absurdos. Realmente, a luta é espetacular, e eu entendo as pessoas gostarem tanto dela. De verdade.

Já eu gosto dessa luta por um motivo totalmente diferente. O que torna essa luta tão especial para mim é essa cena:



Eu já disse mais de uma vez que essa cena é uma das melhores cenas da história da televisão. É a ficção cientifica fazendo o que pode fazer em seu melhor: usando a fantasia para criar uma metáfora que chega até nós. E isso tem exatamente a ver com o final da luta do Naruto contra o Pain.

Porque, veja, quando o Naruto chega até o covil do Nagato, ele tinha todos os motivos do mundo para querer resolver as coisas na porrada. O Pain matou o mestre dele, destruiu a Vila da Folha, (até onde o Naruto achava) matou a Hinata. E além de tudo, o Naruto estava com níveis de poder absurdos, enquanto o Nagato já estava morrendo. Seria muito fácil resolver as coisas assim.

Só que, então, o Naruto faz a coisa mais incrível que eu já vi um protagonista de anime shonen fazer: ele quis ouvir a história do Nagato. Porque, por algum motivo, ele estava fazendo tudo aquilo, e SÓ DEPOIS DE OUVIR o que o Nagato tinha a dizer, o Naruto ia decidir o que fazer dali para frente.

Porque, sabe, é assim que se resolve os problemas na vida. Não com o punho fechado dando socos, mas com a mão estendida. Ouvir o outro lado. Sentar e conversar. O Naruto tinha todos os motivos do mundo para ser um desses protagonistas "Zack Snyder" super darquiiis e trevosos e blablabla. A vida não foi legal com ele, ninguém o julgaria se ele o fizesse.

E, no entanto, ele escolheu o jeito difícil, mas o jeito certo. Ouvir. Entender porque o seu adversário está fazendo o que ele está fazendo. E estender a mão para ele. "Vamos sentar, conversar e resolver o problema", isso resolve muito mais do que socos e tiros e bombas que só alimentam uma cultura de ódio e vingança.


Em outra nota, o final alternativo de Naruto também é muito bom

O mundo está cheio de exemplos disso, e de como isso não tem funcionado. Masashi Kishimoto escreveu uma série de quinze anos sobre um mundo construído sobre ódio e vingança, que só leva a um ciclo de vingança pelo lado derrotado e assim infinitamente. É necessário quebrar esse ciclo, é necessário ouvir o que o outro lado tem a dizer.

A luta contra o Pain foi efetivamente a primeira vez que o Naruto fez isso, o que acabou se tornando o modo dele dali para frente. E isso é uma das coisas que eu mais gosto nesse anime, como o Naruto tenta fazer uma mudança positiva no mundo não socando pessoas com poderes astronômicos (tá, com isso também) mas ouvindo elas. Ouvindo os bijuus. Verdadeiramente se importando.

Porque é esse exatamente o tipo de mensagem que precisamos nesse momento. Ódio e negatividade o mundo já tem até demais. E sempre terá se não mudarmos nada, se ninguém der o primeiro passo, se ninguém estender a mão pela primeira vez. Mesmo que você tenha motivos, mesmo que seu ódio possa ser racionalizado, não importa.

Precisamos de mais sit down and talk. Isso é o que faz Naruto um anime tão especial para mim.

[ANIMES] NARUTO SHIPPUDEN: as melhores lutas

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POSTADO EM:domingo, 20 de dezembro de 2020
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[GAMES] Persona 5 Royal e sua inabilidade com endings

| quarta-feira, 2 de dezembro de 2020
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Olá! P por aqui. Persona 5 está entre meus games favoritos da minha curta vida como não-elfa. Então o anúncio de um Persona 5 expandido-melhor-e-melhorado-também-conhecido-como-Royal me deixou animada para conferir essa parada de realeza: novas mecânicas, personagens, shadows, um palácio novo e modificações na storyline. Nossa, se eu já gosto de Persona 5, imagina uma nova versão que possivelmente torne tudo ainda melhor e possivelmente dê um jeito nos elementos não tão legais do jogo base?! Pois é, se algo já está ótimo, só pode melhorar, né?  

 

Hum, pra começar, estou escrevendo esse texto meses após ter jogado minhas 193h de Persona 5 Royal, são 23:27 e eu já estava deitada para dormir, mas comecei a pensar novamente nesse jogo e decidi escrever na tentativa de fechar esse capítulo e encontrar paz. Pois bem, demorei um tempo ruminando, como podem perceber, mas minha conclusão que não queria aceitar é que eu não tive uma boa experiência com Persona 5 Royal e direi o por quê nos próximos capítulos. Não falarei sobre combates e mecânicas, me deterei em algum elementos narrativos e nos personagens (vai ter spoilers).

Não foram todas ruins óbvio. Pessoalmente prefiro que o começo de uma obra seja problemático, pois consigo reunir forças para insistir um pouquinho e ver se vai melhorar, agora quando é o final toda a experiência é impactada para o mal ou para o bem (como acontece em Onward).

Comecemos com o nosso protagonista de cabelos fluffy, Akira/Ren/Joker, e a cena de encerramento do jogo. Por que a desgraça desse menino tem que ter um final pior do que o jogo base? Por que odeias nossa criança justiceira, Sega/Atlus? O desfecho de Persona 5, como quase tudo na vida, alguns gostam por o considerarem realista, afinal, trilhar caminhos diferentes de seus amigos é uma tônica em nossas vidas e Joker é um adolescente ainda, tendo pouco controle sobre si; outros já desgostam, por pensarem que nosso grupo de aventureiros fantasmas mereciam uma coisa melhor e sua separação seria prematura/desnecessária.

A coisa de trilhar caminhos diferentes é legal, mas realmente não creio ter sido bem feita aqui, foi bem melhor executada em How I met your mother, por exemplo. Afinal, qual a real justificativa para Joker ir embora? Alguém pode me responder que os pais o chamaram e seu período de punição acabou então ele está livre para voltar para sua terra. Tá, mas por quê? Qual a razão de os pais desse menino que o ignoraram até então (nunca é mencionado que ele sequer recebe uma mensagem deles e, não esqueci a cena do início em que os objetos de mudança do Joker chegam numa caixa de papelão qualquer, não estão nem em uma mala bonitinha, e os pais não o levam até a casa do Sojiro nem nada), servindo apenas para enviar nosso herói a outra cidade, têm para o quererem agora? De repente, tornaram-se amorosos e não aguentam de saudade de nosso jovem? São apenas mandões? Estão arrependidos sabendo agora dos novos fatos e da injustiça que cometeram em não acreditarem em seu pimpolho?

Você ficaria surpreso, my boy, Yusuke! A maior injustiça desse jogo foi não nos permitir datear o Yusuke. Stardew Valley nos pemite casar com quem quisermos. Deixem o jogador escolher!

Pois é, a história nunca diz, nem fornece elementos para chegarmos a alguma conclusão, uma vez que os pais de nosso protagonista são completamente ausentes, não chegando a ser nem personagens na história, mas elementos para que determinados acontecimentos...bem, aconteçam, no caso, o início e o desfecho amargo. Então, se as figuras paterna e materna serão ausentes para que coloca-las só para tirar a agência de nosso personagem, no início até vai, pois eles acreditariam que o filho errou e merece punição (aqui é Japão!), mas agora que o nome do rapaz está limpo, ele é punido novamente? Why?

Não há justificativa narrativa sólida para Joker não continuar seus estudos onde já está, ele tira boas notas na escola, fez uma porrada de amigos, o Sojiro se importa com o rapaz,... Se os pais agora se importam, eles tinham que aparecer na história então, ter uma cutscene da família Joker. Se são negligentes, como alguns elementos da história (a caixa de objetos e a falta de acompanhamento) nos levam a inferir, faz muito mais sentido eles não continuarem nem aí, e se o Joker disser que quer continuar onde está, que continue, lá quero saber dessa desgraça, nunca quis essa criança mesmo, falei que era para adotarmos um cachorro e um gato só. Pronto! Temos um encerramento bacana e que faz sentido na história, pois nossos personagens já vão se separar quando a escola acabar e forem para universidades/trabalhos diferentes, para que adiantar o inevitável? Só para entregar um desfecho agridoce? 

                                            Yusuke sendo a melhor pessoa no chat da vida!

Mas, enfim, uma expectativa então era que o Royal adereçasse essa questão, modificando o final de alguma forma. Ele fez isso como esperado, mas não bem como esperado. De alguma forma, tornaram pior o que já era um elemento controverso da narrativa. É a mesma pessoa empolgada que odeia nossos jovens, essa não demitem, né, mas alguém que desse a ideia de permitir datear quem quiser nessa joça, boys incluso, aí esse não tem voz tsc tsc. Triste!

Em P5R, a gente não tem nem aquela road trip do final que serve para suavizar o golpe, afinal nossos heróis ao menos farão uma viagem divertida juntos, ouvindo muita música, zoando o Ryuji no caminho que colocará a cabeça fora da van para gritar que é um Phantom Thief, certeza...you know, good stuff! Além de que, tem um take de uns policiais de olho neles, mas eles decidem não se importar, não farão nada que os vá complicar mesmo e todas essas aventuras palacianas os deixaram mais fortes para lidar com a sociedade e evitar as tais máscaras que já foram arrancadas literalmente. Esses detalhes que faziam toda a diferença se foram! 


Eles não fazem a road trip porque agora aparentemente eles se importam com a polícia os seguindo, então Joker é apenas levado para a estação de trem pelo Maruki que agora é um taxista (mais dele depois) e se despede de uma forma meia boca dos amigos, muitos acenos e só, Kasumi nem tchau diz, imaginei que ao menos ela ia abraça-lo considerando que quando pensou que Joker tinha morrido e viu ele vivo e belo em sua frente, ela correu e quase o abraçou, se contendo por pouco, agora que ok, ele não vai morrer, mas ficarão sem se ver por um tempo, não rola nem um aperto de mão amigável? Nossa, vamos ser descolados com nossos sentimentos e desapegados, mas aí já está em um outro nível.

Tivesse contando o babado para um Wheeping Angel fofoqueiro, certeza que o reply seria de ‘Ai, amiga, desiste!’

Fique claro aqui que a temática da separação e da despedida não são o problema, Doctor Who faz isso direto com companions e doutores indo e vindo, a questão é a execução! As mudanças de todo mundo foram feitas de uma certa forma apressada. Ann vai para o exterior agora de todos os momentos por quê? Não seria mais lógico fazer algum nome no Japão primeiro? Ou ela vai para perto dos pais que podem ajuda-la melhor na carreira? O jogo não esclarece, só fala do tal intercâmbio, línguas e blá. Ryuji vai tratar a perna finalmente, legal, não entendi porque envolve mudar de escola, pelo menos entendi que envolvia, o lugar talvez seja longe, acho que era isso. Tá. Futaba vai pra escola, mas não para Shujin, não sei porquê, e talvez não para a da amiga de infância dela, também não é dito porquê, distritos diferentes provavelmente, mas Shujin sabemos que seria possível, pois o Joker estudava lá. Makoto e Haru são as únicas que terminaram o colegial e vão agora para a faculdade ou se preparar para inaugurar um café, ok, tudo certo aqui. O Yusuke, my best boy que passa fome como um verdadeiro artista deve fazer, é o único sensato, ele vai finalizar seus estudos e continuar perseguindo a ambição de criar sua obra prima, sem cortes de laços prematuros.

A impressão que deu é que ficaram assustados demais com seus sonhos recônditos realizados pelo Maruki em versões doces com mel e traumatizados ao ponto de apressarem as coisas que já aconteceriam naturalmente, é uma obsessão com o 8 ou 80 nesse Royal. A reunião de comunicação dos planos de cada um termina quase como aquela velha frase de ‘Mas relaxa, a gente vai manter o contato e vamo marcar algo aí’, só que ninguém marca nada porque é só uma frase de efeito, se alguém falar, ‘Beleza, terça, 19h’, as desculpas começarão a rolar...

Pelo menos, tivemos as moças com yukatas. Yay! Uma foto para postar no Insta, uhuuu!

Agora, vamos para o Maruki, já que ele foi mencionado. Ele é o “vilão-amigo-que-ultimamente-é-bom-apenas-está-querendo-fazer-as-coisas-de-um-jeito-distorcido”. Vou comentar só dois elementos sobre o terapeuta da vez, pois não gosto de falar sobre ele, uma coisa inteiramente pessoal. A primeira é que é assombroso que Maruki mesmo não perceba o quanto ele é messed up, imagino que seus anos de estudo afinal não serviram pra nada. O rapaz chega a apagar as memórias de sua namorada/noiva e não parece achar isso errado ou ao menos ter dúvidas em nenhum momento, e se ele é uma pessoa fundamentalmente boa, isso é estranho. A namorada claramente não é consultada sobre isso, ela está em estado de choque e murmura coisas como que gostaria de esquecer ou faça sumir o sofrimento, algo por aí, ao que o Maruki entende para literalmente executar o pedido e apagar o trauma, eliminando inclusive ele da mente dela. E isso é tão errado! Qualquer coisa que toca em matéria de consenso já acende luzes vermelhas automaticamente na mente de qualquer pessoa com o mínimo de bom senso e Maruki sequer se questionar tira bastante de sua credibilidade como alguém legal.

Chama os pyrodaleks e taca fogo!

Agora, isso até seria aceitável narrativamente, se ele tivesse um final decente. Estaríamos no terreno de ‘ele está tão perdido na vida que não consegue sequer enxergar isso’, na linha do Steven Universe Future, em que Steven é uma pessoa incrível e ajudou todo mundo naquela bagaça, mas quando se trata de si mesmo, possui dificuldade para pedir ajuda e aceitar seus erros, chegando a um meltdown doloroso de se assistir – porque adoramos esse menino e não queremos vê-lo sofrer, mas que gera um pay off de ele finalmente procurar e aceitar ajuda. O Maruki não recebe uma cena final exclusiva para se redimir, explicar, admitir seus erros e começar o processo de move on. Nós não temos uma cutscene de diálogo entre ele e todos os phatom phieves e considerando que o rapaz tentou seriamente matá-los e modificar suas vidas à força, é o mínimo que se esperava. 

Tudo que recebemos é a cena de taxista, em que ele leva o Joker até a estação e troca uma frasezinha sobre recomeço ou sei lá, mas é isso. Uau! Fale sobre alguém que não sabe pedir desculpa, hein! Um personagem importante como ele nesse conteúdo novo da história merecia uma cena final exclusiva para dar aquele desfecho. Saber que ele deixou de ser terapeuta (para alegria de Kasumi!) e agora tá em outra profissão tentando se reencontrar não é suficiente. É pouco para alguém que se o grupo não cumprisse o deadline, o Maruki interpretaria que para o Joker é doloroso tomar decisões, então deixa que tio Maru resolve colocando você em um estado de sono eterno, assim você não tem que decidir nada! E ele procurou a namorada e pediu desculpas pelo que fez? Não sabemos! Se desculpou com a Kasumi? Não sabemos! Enfim, não há arco de redenção, a cena típica do change of heart não foi feita. Ele só deixa de querer decidir a vida dos outros por eles, como vinha fazendo, e está aparentemente ok.

Ratinhos ladrões porque não quero colocar nenhuma imagem do Maru.

Akechi é um vai-não-vai, que senhora. Morre no palácio do Shido em uma cena de redenção. Trágico, né! Um pouco menos, pois ele volta. Maruki da igreja dos santos dos últimos dias o traz de volta. Inicialmente, as cenas de interação novas com o Akechi estão melhores, parecem atingir um nível mais pessoal, porém quando ele volta no conteúdo adicional do Royal, o rapaz tá um nojento só. “Amiga, ele sempre foi um nojento, o negócio é que ele fingia ser legal”. Ok, mas o menino é só esse 8 ou 80, um fingido agradável ou um nojento que provavelmente faz comentários sobre tripas sanguinolentas em momento inoportunos (não sei se há outros, mas)? Não dá para ter mais um pouquinho de profundidade e camadas? Sabe, como uma pessoa com sentimentos ou o Shrek. No fim, derrotar o Maruki significa matar o Akechi de vez, mas o final do jogo mostra um glimpse de são mãos/luvas/casaco/silhueta, então o rapaz aparentemente está de volta. Mais uma vez! Oh, estaria surpresa se não estivesse.

Oh, boy!

Kasumi que, na verdade, é a outra menina gêmea, Sumire, que eu me acostumei a chamar de Kasumi. A história da moça é legal, pesada, afinal, ela estava se fingindo da irmã morta. Foi para a terapia resolver e saiu com um problema que vai precisar de outra terapia pra solucionar. Maruki-Madara, cria sua própria demanda! Honestamente, não estava esperando nem um pouco esse plot twist e o que posso dizer é Yay para você que parou de acreditar que é a irmã morta! Quanto a ela, só creio que poderia ter sido melhor se o acidente tivesse ocorrido mais na infância, sei lá, uns 10-12 anos de idade, para ficar melhor justificado o trauma emocional dessa magnitude (que nem a Kato-san cuja mãe morreu na infância e obviamente não há maturidade emocional nenhuma para lidar com isso nessa idade, tornando a situação mais traumática, não ajuda também que seu pai a levou no hospital para ver o cadáver, né?!). Mas isso tá mais para um nitpicking, nada major mesmo.

Em resumo, os temas são interessantes, só que feitos de uma forma apressada e mal acabada. Finalizo aqui meu rant da madrugada. Espero ficar em paz com esse jogo agora e no futuro não gastar tantas horas em uma experiência que resultará desgostante. Que o próximo seja melhor! 

Os outings com as wardens foram muito bons! O que elas visitam o Leblanc é 10/10.

 

[GAMES] Persona 5 Royal e sua inabilidade com endings

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POSTADO EM:quarta-feira, 2 de dezembro de 2020
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