- Doctor Who (arco da 13a Doutora)
- Hawkeye
- The Witcher
- Peacemaker
- Dark
- Moon Knight
- Babylon 5
- Halo
- Obi-Wan Kenobi
- Ms. Marvel
- The Boys
- The Sandman
- The Expanse
- Stranger Things
- Tales from the Loop
- Andor
Onde a magia acontece
MELHORES DE 2022: Séries [Terceiro Lugar]
Melhores de 2021 [GAMES]
Essa lista demorou um pouco mais que o normal, porque eu queria fazer direito e videogames são uma parte bastante grande do meu tempo. Como é algo que eu vou fazer só uma vez por ano, acho que vale a pena o esforço.
Dito isso, vamos ver então os candidatos - ou seja, tudo que eu joguei durante o ano de 2021:
- Final Fantasy XIV - Heavens Ward
- Doom Eternal
- Behold the Kickmen
- Carrion
- Neoverse
- Control
- Donut County
- The Medium
- God of War (2018)
- Code Vein
- Wreckfest
- Octopath Traveler
- FIFA 20
- Mass Effect Andromeda
- Rain on Your Parade
- Detroid Become Human
- Katana Zero
- A Way Out
- Dishonored
- VA-11 Hall-A
- Yakuza: Like a Dragon
- Gone Home
- Katamary Damacy Reroll
- Hades
- 12 Minutes
- Psychonauts 2
- Destroy All Humans
- Into the Breach
- Sable
- Scarlet Nexus
- Marvel Avengers
- Outriders
BRONZE: Scarlet Nexus
Se tem algo que eu instintivamente desenvolvi aprendi a fazer ao longo dos anos jogando videogames... é ignorar os jogos anime-like da Bandai Namco. Não é nem que os milhares de "Tales of" da vida e afins sejam ruins, eles apenas não são muito bons também. São apenas okay-ish. Legalzinho.
E se um jogo me exige 60, 100 horas da minha vida, eu espero mais dele do que ser apenas "legalzinho". A vida é curta demais pra você investir 60 horas dela num jogo que é basicamente um anime medíocre (no sentido literal da palavra, de mediano). Então, suponho que não seja muita surpresa que quando Scarlet Nexus foi mostrado na E3, minha reação foi apenas "ah, outro daqueles jogos de anime da Bandai Namco... eu vou na cozinha pegar alguma coisa pra comer enquanto passa isso".
https://youtu.be/acOHLHBRqpM
Ignora, vida que segue. Mas aí então em outubro estava para entrar no Gamepass o jogo dos Vingadores, que é um que eu queria jogar, e no dia que o jogo deveria entrar atrasou por qualquer motivo que seja. Como eu tava com um tempo livre, decidi baixar esse joguinho da Bandai pq pelo menos o combate parecia passável. Mas era só pra ver mesmo, depois de algumas horas eu desinstalava. Ou pelo menos foi o que eu achei...
Para um jogo que eu não esperava absolutamente nada, foi um dos jogos mais divertidos do ano.
PRATA: Control
Okay, eu vou começar esse texto dizendo uma coisa obvia que você já sabe - o que por tabela vai te fazer sentir inteligente ao já saber isso: fazer videogames é muito caro. Tipo, muito. Para fazer um jogo AAA (triplo A é como são chamadas as superproduções blockbusters dos jogos) você precisa pagar uma equipe de 100, 200, as vezes 300 pessoas durante meses a fio, mais frequentemente durante anos.
E durante esses anos você não apenas não ganha nada pra bancar essa brincadeira (exceto pré-vendas, mas isso depende muito da popularidade da marca ou dos envolvidos), como não tem certeza nenhuma se o projeto vai dar algum retorno. Ou seja, não apenas é um negócio muito caro como muito, muito arriscado.
E por que eu estou falando isso? Porque eu preciso que você entenda o cenário de como se banca a produção de um VIDJAGUEIME para entender que as desenvolvedoras dos grandes jogos não curtem muito correr riscos. Assim é apenas natural que os grandes jogos multimilionários ocidentais (o Japão, como de costume, é sua própria coisa e funciona por suas próprias regras) não são realmente ousados e é por isso que vemos tantas continuações ou jogos "seguros", como o bilionésimo Space Marine atirando em monstros cinzentos, ou o trilionésimo nono jogo sobre a segunda guerra mundial. Ou então jogos sobre propriedades intelectuais já consagradas que vão vender bem mesmo que o jogo seja feito com duas caixas de ovos sobre um tamagochi na chuva.
E quer saber? Eu entendo. Se fosse os MEUS milhões, eu também teria brotoeja só de pensar em correr riscos. As pessoas vão comprar "SOLDADO MACHÃO VENCENDO A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL SOZINHO VIII" com certeza absoluta? Então faz essa porcaria e não me inventa frescura!
Então, é, eu entendo. O que não quer dizer que eu goste da forma que as coisas estão. Sim, verdade que os estudios indies tem ideias criativas a dar com pau todos os dias ao ponto que você nem consegue mais acompanhar de tanto jogo que sai (de certa forma eu sinto falta um pouco das revistas de videogames, os textos geralmente eram toscos mas a curadoria seria util hoje pq é muita oferta e vc nem sabe por onde começar... mas divago). Mas as vezes, apenas as vezes, eu gostaria que algumas dessas ideias fosse realizadas com orçamento maior do que o de três Mandolates comprados na sinaleira 3 por 5 reais.
TÁ, LEGAL, MAS TU VAI CHEGAR A ALGUM LUGAR COM ISSO?
Claro que vou, voz ficticia narrativa colocada aqui apenas para eu fingir que tenho com quem interagir. O meu ponto é que tudo isso que eu disse era o cenário de games em 2019... e nada disso realmente se aplica muito a Remedy. A Remedy, saiba você, é uma desenvolvedora finlandesa de jogos que faz uma coisa que eu preso muito, muito mesmo em videogames e na vida em geral: eles se permitem serem estranhos, eles se permitem correr riscos. E isso é de um valor inestimável.
Depois de fazer uma quantia razoavelmente segura de dinheiro com um jogo relativamente normal (Max Payne), uma vez que eles podiam se dar ao luxo eles se permitiram tentar outras coisas - e coisas estranhamente deliciosamente estranhas. Seu jogo mais famoso após Max Payne, por exemplo, é... basicamente um walking simulator que é a melhor história imersiva de Stephen King que Stephen King nunca escreveu. Sério, se o seu sonho sempre foi andar dentro de um conto de Stephen King... ajuda médica profissional deve ser consultada, mas fora isso você quer jogar Alan Wake. E como nunca realmente tivemos um jogo de Twin Peaks, isso é o melhor que dá pra encontrar.
https://youtu.be/cF_YGL3W6CE
O próximo jogo da Remedy foi mais ambicioso ainda, e a Microsoft diz que foi a IP original mais bem vendida do Xbox One: uma ideia original de fundir série de televisão com videogame. E viagens no tempo, obviamente. Quantum Break.
https://youtu.be/ruY1eT9bXiw
Então eu suponho que deu pra entender que a Remedy não tem muita vergonha de ser estranha. Agora, enquanto a estranheza de suas ideias e ambientações é algo a ser louvável... o gameplay não era exatamente seu ponto forte nos ultimos anos. Quer dizer, Alan Wake é atmosférico e interessante pacas, mas ele é mais um walking simulator do que qualquer outra coisa. Quantum Break tem ideias interessantes (algumas que nunca tinham sido tentadas a essa escala, com certeza), mas o combate é apenas... passável.
Mas então imagine, apenas imagine, se então eles conseguissem juntar os dois: uma ideia do tipo "caraca maluco, que que esses caras andaram fumando?" com um gameplay que estala de tão refinado? Esse seria Control.
Descrevendo no papel, Control é um metroidvania que se passa na Oldest House, um prédio de arquitetura brutalista no coração de Nova York e que também é uma falha interdimensional nas horas vagas. Nas mãos de alguém menos criativo isso seria basicamente um ripoff de Resident Evil: okay, você tem uma grande locação onde coisas estranhas acontecem. Seria, mas então a Remedy fala estranhês fluentemente demais para ser só isso.
O resultado é Control é meio que como um grande episódio de Twilight Zone (ou "Alem da Imaginação", no Brasil) onde cada area do prédio meio que causa uma sensação de "é o que, meu amigo?", que varia desde o apenas "hã, estranho" (como o patinho de borracha mantido em uma zona de quarentena máxima) até vislumbres de abominações lovecraftianas que apenas podemos torcer para que nunca prestem atenção realmente na nossa frágil Realidade.
Control não é exatamente tímido a respeito das suas influências. Há referências claras a nomes (além do próprio Twilight Zone) como Lost, Twin Peaks e House of Leaves. A bricolagem de resultante de tudo isso é tremendamente satisfatória, sentindo sua própria coisa ao invés coesa, seu próprio tom, sua própria atmosfera mais do que ser apenas uma coleção de referencias.
Tudo funciona porque, diferentemente de qualquer uma dessas inspirações mencionadas, Control é um videogame. E os videogames, mais do que qualquer outro meio, são especialmente adequados ao conceito de um personagem desenterrando informações sobre um assunto fascinantemente misterioso. Control é um jogo que passa a maior parte de seu tempo de execução colocando você em blocos de escritórios sombrios, mas todos os computadores empoeirados e cubículos abandonados em cada escritório contam a história de algo muito estranho que aconteceu ali.
Mas o que torna Control realmente diferente, como eu disse, é que ele não é um walking simulator e sim um jogo de ação. Ele começa como um jogo de tiro bem básico, porém conforme você vai avançando vai desbloqueando habilidades psiquicas e é aqui que as coisas ficam realmente loucas: misturar um jogo de tiro definitivamente competente com poderes de X-Men, da forma que foi feito, é uma das coisas mais divertidas da história dos videogames.
Diabos, com efeito a luta no Ashtray Maze em que você está no pleno uso dos seus poderes (tanto em desbloquear habilidades, como 100% acostumado ao gameplay do jogo aquela altura) é a melhor cena que eu já joguei em um jogo na vida. Ponto. É tiro, porrada e bomba voando pra todo lado, você usando 100% dos seus poderes psiquicos no modo full Akira, o próprio espaço-tempo se retorcendo e desdobrando ao seu redor enquanto um bom e velho metal nórdico rola em sincronia com as suas ações... chega a dar um quentinho no peito só de lembrar.
Control é como se o melhor da ação de Max Payne e a atmosfera de Alan Wake fizessem um pornô juntos e pedissem a Stanley Kubrick para dirigi-lo. É um jogo esquisito que não tem vergonha de correr riscos, e sua coragem é recompensada com um cenário repleto de momentos "eita porra Giovanna..." e um combate divertidissimo pacas.
OURO: Psychonauts 2
Okay, essa é uma pergunta interessante: eu acabei de cantar louvores em prosa e verso a como Control é um jogo espetacular em tudo ele tenta fazer: o combate é macetante, o cenário é espetacular e a apresentação em estética e som é algo do qual os videogames devem se orgulhar.
Como, então, algo pode ser possivelmente melhor que isso? A resposta é bem simples: não pode.
HÃ, VOCÊ SABE QUE ESSA HIERARQUIA NA APRESENTAÇÃO TEM UM SENTIDO, NÉ? SE É SÓ PRA COLOCAR EM QUALQUER ORDEM ALEATORIA ESSES POSTS NÃO TEM MUITO SENTIDO REALMENTE...
Sim, eu sei. Eu sei que eu sou louco (tanto que estou discutindo com uma voz narrativa na minha cabeça), mas não sou TÃO louco. O que eu quero dizer é que Psychonauts 2 não é melhor que Control pra mim porque ele faz coisas de uma forma melhor - com efeito, dificilmente eles tentam fazer as mesmas coisas. Ele é melhor pra mim porque as coisas que ele faz bem são mais importantes.
E o que possivelmente pode ser mais importante do que gameplay e ambientação? A experiencia como um todo, e isso Psychonauts 2 não tem comparação.
Veja, se tem algo que eu respeito muito em uma obra é quando ela é projetada para ser feita usando as forças de uma midia em particular ao ponto que adapta-la para outro formato não é algo que possa ser feito sem grandes perdas a ideia.
Por exemplo, HP Lovecraft trabalhava muito em seus livros mais com fragmentos ideias do que descrições sólidas das coisas - o que é todo o ponto da obra, que a mente humana não consegue realmente compreender o que são os Old Ones sem se liquefazer no processo porque é uma coisa tão colossal, tão antigo, tão alienígina, tão maligna que nós nem somos fisicamente capazes de processar isso. E isso funciona com descrições vagas e escrita de um jeito que deixe a mente do leitor preencher os pontos da forma que lhe convir. Transformar numa experiencia visual como um filme... hã... até pode ser feito, mas precisa de tanto esforço e tantos saltos laterais que o diretor que fizer isso pode sair direto do estudio para se alistar no Cirque Du Soleil.
E, ainda nesse tema, eu particularmente amo videogames que precisam necessariamente serem videogames para funcionar da forma que funcionam. Grande parte do charme de Dark Souls, por exemplo, vem da narrativa ambiental contada pelo seu cenário. Não é pelas cutscenes (que não existem no jogo), mas toda a experiencia é permeada por uma sensação melancólica de que aconteceu uma história naquele lugar e apenas você chegou tarde demais para testemunha-la acontecendo. O feeling é passado pelo level design, pelo som (ou pela falta dele) e pela própria dificuldade do jogo que é parte indissociavel da experiencia emocional da obra. É uma coisa bem única, e embora eu não digo que seja proibido um diretor de cinema emular essa sensação ... bem, boa sorte com isso. Você vai precisar.
E esse é o ponto que torna Psychonauts 2 tão especial: as suas ideias, as suas sensações, o que ele quer te dizer enquanto obra... só funcionam dessa forma em particular porque é um videogame. Curiosamente, o primeiro Psychonauts saiu para PS2 em 2005, o mesmo ano em que Shadow of the Colossus deu aula, curso completo e pós-doutorado em como transformar um jogo em uma experiencia artística, profunda e visceral usando apenas elementos de gameplay.
Embora não tão laureado quanto, psiconautas foi um aprendiz digno dessa escola de game design. Sua fusão de narrativa com mecânica de plataforma e a maneira como sua história justificava a jogabilidade. A desenvolvedora Double Fine - líderada por Tim Schaffer (que já havia provado ser um cara fora da curva com seus point'n click da Lucas Arts) - criou um jogo de plataforma que, mais do que ser um brinquedo a ser vencido, queria dizer alguma coisa a um nível pessoal. Era um jogo sólido enquanto jogo, mas tambem era otimista e sensível.
Dezesseis anos depois, o cenário dos videojogos era muito diferente de 2005. Hoje não é realmente tão dificil encontrar jogos sólidos, porém otimistas e sensiveis, e para chamar atenção no cenário atual eles teriam que pensar mais alto, mais ambicioso, maior.
E foi o que eles fizeram majestosamente.
A ideia do jogo original era sobre viajar na mente das pessoas, daí o nome Psychonautas, mas em 2021 isso foi elevado a todo o potencial que a ideia pode ter. É uma coisa sutil, mas o equilíbrio entre humor nonsense e tocar em questões profundamente pessoais deu um grande passo à frente. O jogo aborda questões sérias como alcoolismo, culpa, perdão, violencia doméstica, síndrome do panico e muitos outros, mas nunca se sente pesado demais por esses temas - nem leviano demais. É uma elegancia bastante única.
Todo estágio que mostra se apresentar em um show como uma metafora para síndrome do panico é de uma elegancia e sensibilidade que poucas vezes eu vi na vida. Quando você está em um game show de culinária com mecanicas criadas exclusivamente pra aquela fase, ou quando está em um hospital-cassino (sim), você não está apenas jogando fases ridiculamente (as vezes no sentido literal) criativas, você está abordando questões muito maiores do que isso e o que ela representam metaforicamente dentro da cabeça daquela pessoa.
Isso tudo, e essa é a parte importante aqui, não é feito através de cutscenes, dialogos nem nada. É feito através como as fases são construídas, é como as plataformas são posicionadas e como elas parecem. Sim, Psychonauts conta uma narrativa emocional através de pular plataformas e lutas com chefes. Entende agora o que eu quis dizer com esse jogo PRECISA ser um jogo para chegar onde ele quer chegar?
Além, claro, de que mesmo que você ignore tudo isso e apenas jogue o jogo... bem, ele é um jogo solidamente bom. Um dos velho estilo de plataforma 3D dos dias do Nintendo 64, só que atualizado para as necessidades modernas e com um combate inenarravelmente melhorado (o combate e a movimentação que justamente são meio tronchos no primeiro jogo), upgrade de habilidades, all the good VIDJAGUEIME stuff. Isso, é claro, o humor fora da casinha de Tim Schaffer.
Melhores de 2021 [GAMES]
Melhores do ano 2021 [ANIMAÇÃO]
- Avatar: A Lenda de Korra
- Star Wars: Clone Wars
- The Amazing World of Gumball
- The Dragon Prince
- Reboot
- Soul
- An American Tail
- The Lion King 3: Hakuna Matata
- Beavis and Butt-Head Do America
- Wakko's Wish
- The Pagemaster
- Over the Moon
- A Shaun the Sheep Movie: Farmageddon
- Batman: Mask of the Phantasm
- Raya e o Último Dragão
- My Little Pony: A New Generation
- Arcane
- Wolfwalkers
2020: Daqui a um ano as coisas já vão ter voltado ao normal
2021: A melhor animação do ano é... de League of Legends? Que caralho?!
Melhores do ano 2021 [ANIMAÇÃO]
Melhores do ano 2021 [ANIMES]
Eu ainda lembro de um tempo que "escolher" não era fazia sentido, eu assistia o que dava do jeito que dava, seja episódios de Evangelion em .rmvb de 6MB (acho que ninguém mais hoje lembra do RMVB), a pegar dois onibus para ir em outra cidade assistir três episódios de seja lá o que for em um galpão sem ar-condicionado e achar isso o máximo (foi assim que eu assisti FLCL, alias). Se passasse algo na TV então, vish, era foguetório. Bem, nada disso importa mais e hoje eu posso escolher o que assistir e quando assistir quase simultaneamente depois que passa no Japão, não é um mundo louco esse? Definitivamente percorremos um longo caminho até aqui.
Bem, seja como for os indicados desse ano incluem também tokusatsu (pq eu não assisto o suficiente pra fazer uma lista só disso), assim como séries e longa metragens assistidos durante 2021, e os candidatos são:
- Get your hands off Eizouken
- The Great Pretender
- Yu Gi Oh
- 86-EIGHTY-SIX
- Jujutsu Kaizen
- Miss Kobayashi's Dragon Maid
- Land of the Lustrous
- Mob Psycho 100
- Tenkuu Shinpan - High-Rise Invasion
- The Night Warriors: Darkstalkers Revenge
- Mobile Suit GUNDAM: Iron Blooded Orphans
- Midori no Hibi
- Evangelion: 1.11 You Are (Not) Alone
- Evangelion: 2.22 You Can (Not) Advance
- Evangelion: 3.33 You Can (Not) Redo
- Evangelion: 3.0+1.0 Thrice Upon a Time
- Tasogare Otome × Amunejia (Dusk Maiden of Amnesia)
- The Big O
- Shoujo Kakumei Utena (Revolutionary Girl Utena)
- Samurai Sentai Shinkenger
- Cross Ange
- The Girl Who Leapt Through Time
- Given
BRONZE: Mobile Suit GUNDAM: Iron-Blooded Orphans
A coisa que eu mais aprecio a respeito da ficção é essa habilidade que ela concede de usar uma situação fantasiosa falar sobre temas complicados da natureza humana através de metaforas ou mesmo diretamente, que de outra forma seriam muito espinhosos ou pouco elegantes para se falar sobre.
Por exemplo, você pode reparar que animes raramente falam sobre guerra. Claro, um herói enfrentando um império do mal é o feijão com arroz de animes, mas eu digo no sentido militar da palavra, guerra com exercitos e aquela porra toda é muito raro, pra não dizer quase inexistente. Muito dificilmente você encontrar mangas, animes ou filmes com essa temática e suponho que todo mundo consiga imaginar as razões - para os japoneses esse assunto é profundamente doloroso e humilhante.
Todo mundo lembra das bombas nucleares, obviamente, mas eu diria que esse nem foi o pior legado da guerra para o Japão. O país quase morrer de um quadro generalizado de fome, cidades serem incendiadas e somado as sansões políticas e culturais que o Japão sofreu após a guerra foram igualmente pesadas. Tanto que até hoje a constituição do Japão não permite que o país tenha exército formalmente (o que foi uma das condições após a rendição na guerra), o Japão possui apenas a Força de Defesa Nacional que legalmente é meio que uma extensão da policia e que apenas em 2015 a constituição permitiu que saísse do país para ajudar em causas internacionais. Ainda sim o país é defendido por 23 bases militares americanas (com mais de 55 mil soldados), incluindo uma base aerea em Toquio.
Isso somado aos crimes hediondos cometidos pelo exército imperial japonês durante a segunda guerra (sério, algumas coisas tão pesadas que até os nazistas diriam "eita, pega leve filho que isso já é ir longe demais") tornam o assunto de guerra algo beeeeeem complicado de ser abordado no Japão. Serio, quando guerra evoca lembranças de coisa que os nazistas não tiveram falta de decencia humana o suficiente para fazer, é a coisa foi feia a esse nível.
E é aqui que entra a magia da ficção: ela permite que se fale sobre temas que normalmente seriam desconfortaveis demais para se falar, e com isso eu quero dizer que o Japão tem sim uma série de animes e mangas sobre guerra - só que com a visão japonesa do que guerra significa. E é sobre isso que Mobile Suit Gundam sempre foi. Sim, Gundam, aquela franquia do robozão gigante branco, essa mesma.
Nas Olimpiadas agora de 2021, a prova de escalada foi realizada sob o jugo inclemente do Gundam Unicorn (da série de 2010)
O resultado é que diferente das obras americanas onde a guerra é geralmente glorificada e exaltada como algo badass, como algo foda e admirável, em Gundam a guerra é uma tragédia que nenhum lado realmente vence no fim, é algo doloroso e horrível.
Eu sei que isso é estranho de se imaginar sem assistir porque Gundam é talvez uma das coisas mais assONciadas com animes, e é sobre um robozão branco de trocentos metros metendo a porrada em outros robozões de trocentos metros. E é. Mas não é tudo que essa franquia (composta por várias séries e filmes sem necessariamente relação entre si) é.
E a iteração de Gundam que foi exibida de 2015 a 2017, Blood-Iron Orphans, é uma das versões mais pesadas desse franquia. Caso o nome não tenha dado a deixa ainda.
Um diferencial deste Gundam para os outros animes de mecha, é como ele trabalha a questão de crianças pilotando estas máquinas. Mesmo que você não tenha costume de assistir obras deste tipo, alguma hora se você viu algo relacionado, talvez tenha se perguntado: “por que os pilotos são sempre crianças/adolescentes?”. Bem, a resposta é óbvia: para o publico alvo se identificar e comprar brinquedos relacionados. Mas Gundam é um caso que a ficção tenta justificar um motivo, e não é um motivo bonito.
Nossa história aqui se passa em algum ponto distante no futuro, onde um grupo mercenário em Marte usa crianças como ferramentas baratas e dispensaveis de guerra - não muito diferente do que acontece no nosso mundo na Africa. Só que nessa história as crianças se rebelam, matam os adultos que as escravizavam e ... bem, passam elas mesmas a administrar o grupo mercenário porque o que mais eles realmente sabem fazer da vida senão lutar? Somado a isso que o cenário sONcioeconomico de Marte é bem complicado mesmo para os adultos conseguirem emprego e sobreviver, que dirá um bando de órfãos que literalmente não tem outro lugar para onde ir.
E justamente por ser um bando de garotos que opera robos gigantes como um bando de animais que não tem mais nada a perder (pq eles são), eles acabam se destacando e sua força militar acaba sendo envolvida no grande esquema de poder politico daquela sociedade onde Marte é uma das colonias da Terra. Então a ideia geral é que BIF é basicamente como um bando de crianças mercenárias acabaram sendo usadas na guerra de indenpendencia de Marte e, como você pode imaginar, o resultado é sangrento e bastante pesado.
E enquanto a primeira metade da série é uma das coisas mais legais que eu já assisti em anime, é dramatico, violento, bem construído e com ação de robozões da porra fazendo coisas de robozões da porra na medida certa, a segunda metade é o que impede que a série de ter um lugar mais alto na escala.
Isso porque o lado político na guerra fica inchado demais, com personagens demais, objetivos demais, lados demais. Eu entendo que no papel a coisa de "estamos morrendo nessa guerra pra que, afinal?" é meio que o ponto... bem, de uma guerra... mas a primeira metade fazia isso com um foco bem mais simples e objetivo.
Mas ainda sim, apesar de alguns tropeços na segunda metade, sua história de como um bando de crianças-soldados mudou a história da guerra de indenpendencia de Marte foi plenamente realizada - traçando sua ascensão e queda em um cenário politicamente carregado, onde tudo tem uma segunda intenção por trás. Jogue algumas batalhas de mecha muito bem animadas, o personagem mascarado obrigatório que Gundam sempre tem que ter e um monte comercial de garage kits para vender, e você tem os ingredientes de uma ótima série.
Mas sério, essas porras de bonecos (que esses animes são feitos para vender, no fim) são muito lindos mesmo.
PRATA: Jujutsu Kaizen
Suponho que não é realmente surpresa pra ninguém a ideia de que a cultura japonesa como um todo é muito pesada, rigida, dura. Essa é a imagem meio que automática que nos vem a mente e isso é verdade mesmo no entretenimento, toda cultura japonesa é engessada em formulas, existem modos de fazer as coisas, existem padrões a serem seguidos. Shonen, shoujo, seinen, slice-of-life, romcom, animes de esportes, cada genero é mais do que um mero rótulo dado após a obra ser criada e sim um guideline que o autor tem que ser de como fazer as coisas. No Japão existe um metodo e uma forma para tudo, e animes não exceção.
Verdade seja dita, é um espetaculo em si mesmo ver o quão criativos os japoneses conseguem operando dentro dessas formulas, mas as linhas da grade ainda estão lá do mesmo jeito. Quando você vê um shonen, um shoujo ou um tokusatsu, você sabe de antemão quais batidas serão tocadas - mesmo que elas variem enormemente entre si. Porque, como eu disse, existe um metodo de fazer as coisas, existe uma forma correta. É assim que o Japão rola. A cultura japonesa é o produto final do peso incalculável que seu povo carrega nas costas.
... mas será que é mesmo?
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Porque aqui eis a coisa interessante: a cultura humana não é nada senão um organismo sempre evoluindo através das suas experiências próprias, e isso é verdade até mesmo para os animes - porque os japoneses são também pessoas, vejam só. Então toda essa sisudice, essa coisa de "é assim que se faz as coisas e ponto final", toda essa coisa de tradição rígida... não é exatamente isso que se vê nas ruas das grandes cidades, especialmente Tóquio.
E é aqui que entra o maravilhoso poder da juventude, pois é hora de entrar em uma cena uma nova geração que não é responsável por todas as coisas que aconteceram no passado. Eu gosto muito que o tema central de Naruto é sobre como um bando de crianças tem que carregar nas costas (e resolver) o legado de uma guerra que não foi deles, e que eles definitivamente não tem nada haver com isso. Naruto é sobre a geração de hoje resolvendo as tretas que os adultos fizeram no passado, e eu suponho que os paralelos com a realidade japonesa são bastante obvios a esse ponto.
Pois bem, se Naruto é sobre os jovens resolvendo as tretas de ontem, pode-se dizer que Jujutsu Kaizen é essencialmente o próximo passo nessa evolução cultural da juventude japonesa.
Jujutsu Kaizen é um anime para a geração milenial japonesa que cresceu sob o peso de uma cultura milenar em suas costas, mas que se sente mais do que isso. Essa é a geração que não se sente culpada pela guerra (porque não é mesmo), é uma geração que cresceu em um contato com o exterior nunca antes imaginado na sua história graças à internet, é uma geração que troca informações e experiências como nunca antes em sua história. Essa é a geração do hip hop, das roupas coloridas e extravagantes no centro de Tóquio, é a geração dos fabulosos Phantom Thieves sendo fabulosos because fabulosidade. É uma geração leve, uma geração sem esse peso todo no seu coração. Essa é uma geração cool.
É nesse ponto que entra Jujutsu Kaizen, a obra prima da geração cool. O fruto de uma geração que cresceu assistindo as sementes de liberdade criativa que vazavam das formulas fixas do manga shonen. É uma geração que conhece Dragon Ball Z e Cavaleiros do Zodiaco, mas que cresceu mesmo é lendo os personagens com mais do que uma camada de Yoshiro Togashi (Yu Yu Hakusho e Hunter x Hunter), que cresceu o manga com proposito de Naruto, uma história que quer chegar em algum lugar no sentido artistico da palavra, uma geração que aprendeu a rir de si mesma com One Punch Man e Gintama.
Jujutsu Kaizen é a sintese dessa nova geração de mangás shonen, o próximo passo da evolução. Claro, JK é tão shonen quanto shonen pode ser, porque a estrutura do mangá - se estripada aos seus basicos - é basicamente Naruto: um jovem otimista e dentro de coração bom tem um demonio de poder infinito se de si em uma sociedade rígida onde cada clã tem mais poderes de pessoas animezísticas.
Só que Jujutsu Kai é a evolução natural de Naruto, porque a coisa mais incrível do ser humano é que ele está sempre tentando melhorar e evoluir. Por exemplo, uma coisa que me incomoda em Naruto é que um ponto muito importante da série é que Naruto e o Sasuke são amigos. Discutivelmente é o ponto mais relevante da série. O problema não é esse, entretanto, e sim que eu vejo isso muito mais ser dito do que vejo acontecer, basicamente porque personagens meninos de anime tem que ter uma cintura dura e não se permitem muitas intimidades uns com os outros, é assim que o Japão é. Ou era.
Então você ouve muito o Naruto falar de amizade com o Sasuke, mas você realmente viu muito pouco isso acontecer na prática porque é assim que as coisas eram feitas na época. Jujutsu Kaizen não tem esse problema: Megumi é "o Sasuke desse anime", mas esse anime não tem a mesma cintura dura no relacionamento entre os personagens que seu irmão 20 anos mais velho tem.
Meguumi e Yuji são amigos sim, você sente isso sem que ninguém precise dizer isso 238 vezes. Megumi ainda cumpre a função do personagem reservado e distante, com um poder foda de um clã foda e uma história pessoal trágica, mas sem todo aquele peso anos 90 que o Sasuke tem. Ele é uma versão cool e maneira do Sasuke, sem perder a sua essencia. Pegar a essencia, corrigir os defeitos, deixar mais cool ainda. É assim que nós rolamos agora.
Outra coisa, sabe como o estúdio Pierrot fez o que pode pra cagar Naruto com fillers ao ponto que é praticamente inassistivel se você não estiver vendo uma versão editada? A lição foi aprendida e aqui é justamente o contrário: cada cena é lindamente animada como se ela fosse importante, 24 episódios que valem ouro são uma escolha mais adequada aos dias atuais do que 240 que whatever faz qualquer merda aí.
Ou então sabe quando a personagem feminina do grupo não faz nada de particularmente útil porque a abordagem de um manga shonen dos anos 90 é "eca meninas eca eca". Bem, nós não fazemos mais as coisas assim hoje. A Nobara é legal pra caralho, obrigado, de nada.
Pois então, agora imagine que JK faz isso com 40 anos de anime e você entende o que eu quero dizer que é a obra prima de uma geração. Jujutsu Kaizen tem coisas de Naruto, mas corrige seus defeitos e é mais cool. Jujutsu Kaizen tem coisas de Bleach, mas corrige seus defeitos e é mais cool. Jujutsu Kaizen tem coisas de Yu Yu Hakusho, mas corrige seus defeitos e é mais cool. Entende meu ponto agora?
Literalmente o ponto do anime é que nesse ano em particular eles estão tento a mais talentosa e promissora de feiticeiros Jujutsu em séculos, o que é uma departure gigante do que obras desse tipo são no sentido de "antigamente houve uma era de glória e poder e agora vivemos com restolhos desses dias maravilhosos". Não, a era gloriosa é agora, estamos vivendo os dias agora. O momento é esse e a hora é essa.
Ah, sim e quando eu digo "mais leve", eu quero dizer no sentido de livre, não de leviano. Jujutsu Kaizen não é um anime inconsequente, ele aborda temas relevantes (especialmente que nem todos os humanos merecem ser salvos, e nem todos os monstros merecem morrer) mas de uma forma tranquila que só quem sabe o que está fazendo consegue fazer. Jujutsu Kaizen sabe o que está fazendo.
Claro, o anime ainda está na sua primeira temporada e nada garante que eles não vão foder a porra toda daqui pra frente. Mas o que temos até o momento é a evolução natural de Naruto, Yu Yu Hakusho e Persona 5, na forma da voz de uma geração que é livre, leve e solta. E muito cool.
Imagine Devilman Crybaby, só que shonen e sem induzir ao suicidio por desesperança. Se isso não é potencial pra ser o melhor shonen de todos os tempos, então eu não sei mais o que poderia ser.
OURO: Evangelion: 3.0+1.0 (Thrice Upon a Time)
Okay, essa dava pra ver vindo a um milhão de milhas de distancia, né?
Bem, eu já fiz um post especifico pra esse filme falando o que ele significou pra mim então eu queria ressaltar o quanto, mas TÃO importante poder dizer apropriadamente "sayonara, subete no Evangelion".
Adeus Evangelion, nunca haverá outro anime como você. Haverão outros, melhores, piores, que tentam mais ou menos coisas diferentes, mas Neon Genesis Evangelion terminou e esse capitulo foi fechado. Eu suponho que nada que eu possa dizer para encerrar do que a letra de "One Last Kiss", a música que encerra o último filme de Eva, uma música que fala justamente da despedida dessa obra que significou tanto.
ONE LAST KISS - Utada Hikaru
Apesar de ter sido minha primeira visita ao Louvre
Não me impressionou muito
Porque a minha própria Mona Lisa
Eu já tinha encontrado a muito tempo atrás
Desde a primeira vez que eu te vi
Engrenagens começaram a se mover
Era um presságio de que você ia me deixar
Oh, embora você me tenha dado incontaveis
Mas, por favor, me dê mais um
Você pode me dar um último beijo?
Isso é algo que eu não quero esquecer
Oh-oh-oh-oh, oh-woah, oh-oh-oh (Oh-oh)
Oh-oh-oh-oh-oh, eu te amo mais do que você imagina
"Eu não gosto de tirar fotos"
Mas na tudo bem porque eu não preciso dessas coisas
Pois a sua imagem já está gravada
No projetor no fundo do meu coração
Eu fingia que não sentia sua falta
Bem, acho que ambos fingimos
Afinal sabemos que começar de novo com alguém
Seria na verdade muito doloroso
Você pode me dar um último beijo?
E vamos fazer ser bem ardente
Para eu não conseguir esquecer
Mesmo se eu quisesse
Oh-oh-oh-oh-oh, te amo mais do que você imagina
Oh-oh-oh-oh, oh-woah, oh-oh-oh (Oh-oh)
Oh, eu finalmente entendi
Que mesmo até o fim dos tempos
Que mesmo quando eu for velho
Eu não vou esquecer de você
Oh-oh-oh-oh-oh, você nunca será esquecido
Oh-oh-oh-oh-oh, oh-woah, oh-oh-oh (Oh-oh)
Depois da brisa que o vento soprou
Tudo que me resta é a lembrança de um momento bom.