[DOCTOR WHO] O 7o Doutor (ou quando... oh deus... deus...)

| quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Ao longo de toda sua história, Hollywood já fez muitas coisas estúpidas. E eu quero dizer muitas MESMO, incluindo o filme de Tom e Jerry e o episódio piloto do reboot de Doctor Who em 1996 (mais sobre isso em breve). Entretanto, de todas as coisas moronicas que já sairam do bosque sagrado, eu firmemente acredito que uma pode ser elencada como a mais estúpida, imbecil e adultodesouthpark que qualquer um já fez.

E isso seria romantizar o cancer.

Ok, ok, eu entendo. Sério, eu realmente entendo. Vocês precisam de uma doença mortal, incurável (mas com uma esperança de tramento) mas não tão incomum assim (não como uma sindrome de Marfan, por exemplo), e que permita a pessoa morrer lenta e pacificamente enquanto vai perdendo suas forças de uma forma gentil. De um ponto de vista narrativo, é perfeito. É poético, é elegante, é bonito.

E... é tudo que morrer de cancer não é.

Sério caras, vocês já viram alguém com estágio terminal de cancer? Não é nada como isso:


... parece muito mais com isso:

Turma do cancer de 43
Não tem nada de bonito, pacifico ou poético nisso. É horrível e deprimente, e não de uma forma "filme triste de doguinho". As celulas do seu corpo não só param de fazer o que elas deveriam estar fazendo (PROTIP: você quer que as celulas do seu corpo façam o que elas deveriam estar fazendo), como elas crescem desordenadamente, as vezes comprimindo partes internas do seu corpo que não foram feitas para serem comprimidas. Não é incomum uma pessoa com cancer sentir dor o TEMPO INTEIRO, você faz ideia do que é sentir dor cada e todo instante DO RESTO DA SUA VIDA?

Não é nada bonito.

Isso sem falar que o tratamento é quase tão agressivo quanto a própria doença. Como não tem muito o que se possa fazer a respeito de celulas do seu proprio corpo que viraram full MST, a melhor coisa que conseguimos pensar foi em fritar todo mundo com radiação. Isso é o equivalente a jogar uma bomba na sua casa para se livrar de uma infestação de baratas. Assim, claro que muitas celulas que não são cancer acabam sendo destruídas por RADIAÇÃO e eu não preciso estressar o quanto isso faz mal para a pessoa.

Oh, se ao menos tivessemos um jeito de rapidamente substituir as partes afetadas pela radiação por novas, permitindo assim o tratamento ser mais agressivo e eficiente sem matar o paciente... oh, se ao menos existissem celulas capazes de se transformar em qualquer tipo de tecido que pudessem fazer essa função... mas não, temos que respeitar é claro a PORRA CONGELADA (e não é xingamento agora, estou literalmente falando de semen mesmo) que IA SER JOGADA FORA porque santidade da vida derp derp derpity derp derp... religiosos escrotos de merda, pra mim se você acredita nessas merdas ou você é um completo retardado com a inteligencia de uma caixa de pregos, ou você tem a maturidade emocional de um babuíno em chamas. Em ambos os casos, eu não tenho o minimo respeito por você...

RESPEITO SEU ARROUBO EMOCIONAL DE ADOLESCENTE ATEU REVOLTADO, MAS ISSO TEM UM PONTO?

Claro que sim! Eu to puto, não tá vendo?

DEVERAS. EMBORA DESCONFIO QUE VOCÊ ESTEJA MAIS REVOLTADO COM A PROIBIÇÃO DE EXPERIENCIAS GENÉTICAS EMBRIONÁRIAS PELO DESENVOLVIMENTO DE CATGIRLS DO QUE POR SE IMPORTAR COM PESSOAS COM CANCER.

Cyberlolimaidcatgirls para uso doméstico. sim.

SUSPEITEI DESDE O PRINCIPIO. ENTRETANTO EU ME REFERIA A COISA DO CANCER, ISSO TEM ALGUM PONTO REALMENTE?

Incidentalmente, tem. Então, o meu ponto aqui é que acompanhar alguém que você ama morrer de cancer ao longo de meses, as vezes anos (nem me deixe começar sobre eutanasia, religiosos babacas asquerosos...) é algo devastador para quem fica também. Eu diria que passar por isso é o equivalente a voltar da guerra, você viu horrores ocorrendo a um ser humano que ninguém em momento algum deveria ver - com a diferença que não é com um fratboy randomico que você acabou de conhecer, mas com alguém que você ama.

NÃO ACHO QUE SERIA MUITO EFICIENTE MANDAR APENAS PESSOAS CEGAS PARA A GUERRA.

O que... não, eu... que?! Enfim, meu ponto é que você sai dessa experiencia um farrapo humano. É desgastante, é pesado, é algo que impedirá que você volte a ser quem você era antes disso até o fim dos seus dias.

TÁ, ENTENDI. MAS... O QUE DOCTOR WHO TEM HAVER COM ISSO? ESSE NÃO ERA UM TEXTO SOBRE O SÉTIMO DOUTOR?

Sim. E é. Eu estou contando essa história toda porque ver a série clássica de Doctor Who terminar desse jeito é EXATAMENTE essa sensação que fica em você.

OH...

Oh, indeed. Não foi nada bonito.

Como eu já tinha escrito sobre o 6o Doutor, a este ponto da sua história Doctor Who já era nada senão uma enorme carroça repleta de esterco em chamas. Havia uma coisa e uma coisa apenas lutando para manter esse show assistivel e funcionando, e essa coisa era a atuação inspirada e até mesmo heroica de Colin Baker que fazia milagre com os pedaços de bosta que lhe eram entregues como roteiros. O homem que foi o Doutor quando era impossível acertar.


Entretanto, todas as histórias heroicas de resistencia um dia chegam ao fim. Tal qual o rei Leonidas e seus 300 soldados detiveram inacreditavelmente um milhão de inimigos durante três dias e três noites, no fim todos acabam morrendo.

Ao final de 1987 Colin Baker foi demitido sem ao menos ter direito a uma cena de regeneração, e com isso a BBC finalmente se livrou da ÚNICA coisa que mantinha Doctor Who em pé. Daí pra frente é apenas choro e ranger de dentes.

Eu não estou brincando quando eu digo que as duas (dolorosas) temporadas de Doctor Who de 1988 e 1989 são a pior coisa que já em uma série de televisão. Ok, isso e Friends, vá lá. E as séries de super-heroi da Warner. E em 2012 o Rob Schneider ganhou uma série, que eu nunca vi mas nem preciso para dizer que é algo que deporá contra a humanidade quando as máquinas nos julgarem.



Ok, agora tal qual a equipe de limpeza depois que um tornado repleto de laminas passou pela ala de queimados leprsos de um hospital, eis a pergunta: por onde eu começo?

Bem, a primeira e mais blatante coisa que há para ser vista é o próprio Doutor. Vê, ao longo de quase trinta anos de show, a BBC já tinha tentado muitas coisas com Doctor Who, algumas melhores e outras piores, mas eu nunca vi eles tentarem o Doutor não ter uma personalidade antes.

Porque não tem muito o que dizer sobre o personagem de Sylvester Mccoy, dado que não há nada realmente a ser dito. O que eu posso dizer que eu absorvi desse Doutor é que ele está sempre sem paciencia para nada, acha tudo um saco e é deliberadamente mau. Além de ser um Gary Stu invencível que sempre sabe de tudo desde o começo e nunca precisa se esforçar por nada.



O Doutor costumava ser que um andarilho no espaço e no tempo, que silenciosamente se afastou de seu próprio povo em uma velha TARDIS quebrada e ajudava como podia, muitas vezes sem saber como e improvisando no meio do caminho. A este ponto da história, entretanto, temos que acreditar que, ao sair, ele armazenou todas as maiores armas dos Time Lords, caso precisasse delas para cometer genocídio contra os Daleks, Cybermen, etc. O que ele não hesita em faze-lo, é claro.

Deixa eu dar só um exemplo do quão ruim as coisas são: de alguma forma ele selou uma das armas mais poderosas de Gallyfrey, A estátua de Nemesis (uma arma inteligente e com consiencia própria, um conceito que seria executado decentemente apenas em The Day of the Doctor), a transformou em um cometa e a enviou em uma órbita que a devolvia à Terra a cada 25 anos. Eu sei lá porque, mas enfim.

Cada vez que o cometa passava, causava desastres: em 1913, às vésperas da Grande Guerra, em 1938, na véspera da Segunda Guerra Mundial e em 1963, no assassinato do Presidente Kennedy e assim ao longo da história. Vamos recapitular: o Doutor desencadeia uma arma que causa as duas maiores guerras da história e o assassinato de um político respeitado, depois atrai os Cybermen à Terra para matar ainda mais pessoas, tudo para que eles remontem a Nemesis e o Doutor a use para genocidar os Cybermen - mesmo com a arma implorando para ser livre e não ter que matar mais ninguém, ao que ela foi respondida com um "aham, senta lá, Claudia" pelo Doutor.

Isso é horrível! Isso é pavoroso! Isso é a coisa menos Doctor Who que eu já vi na minha vida!



No último arco (ufa) desse sofrimento, o Doutor está preso com o Mestre e um bando de civis inocentes em um planeta condenado a explodir. O Mestre então diz que o Doutor deve ajuda-lo a sair dali e salvar a sua vida, e obviamente o Doutor pergunta porque ele deveria faze-lo.

O que vocês acham que acontece em seguida? O Mestre ameaça os civis e os usa como moeda de barganha para conseguir a ajuda do Doutor? Bem, se você pensa isso... você obviamente conhece e se importa mais com Doctor Who que a BBC em 1989. O argumento do Mestre é que o Doutor precisa ajuda-lo para salvar a própria pele, pau no cu de quem tá lendo, pega e sai correndo. E é isso, ele concorda pra salvar a si mesmo e foda-se todo o resto!

Não! Não, não, não! Mil vezes ectoplasmicas não, não é isso que o Doutor faz não importa qual regeneração seja! Duas mil, três mil vezes não! Um milhão de vezes não!


Não apenas a ideia de um Doutor manipulador, cruel e que não liga para ninguém além dos seus próprios caprichos é fundamentalmente errada, como ela é porcamente executada. Vê, para fazer uma personagem Mary Sue funcionar você precisa que ele seja incrivelmente carismática para compensar a falta de desafio e a Deus Ex-Machinidade de tudo que ela faz.

O melhor exemplo disso é o Giorno Giovanna de Jojo's Bizarre Adventure. Ele é invencível e sempre tem um plano para tudo mesmo antes da luta começar, mas isso não realmente é um problema porque ele é tão divo e fabuloso que você abraça sua marysuidade como algo positivo. O mesmo pode ser dito da Bayonetta, ou do Sakamoto. Entretanto é preciso uma enorme dose de talento e SABER O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO para fazer um personagem assim funcionar. E desnecessário dizer que não havia nenhum Hirohiko Araki escrevendo para a BBC naqueles dias.

Neste caso, para que o cenário "o Doutor é o Campeão do Tempo" funcione, você precisa de um Doutor com o carisma o suficiente para torná-lo crível. Que foi EXATAMENTE o que foi feito muitos anos depois com o David Tennant, só que com o arco de desenvolvimento de personagem correto e um ator MUITO bom e a conclusão adequada, com o climax sendo o Doutor percebendo o que a sua hubris estava fazendo com ele. Da pra fazer, foi feito, mas nenhum destes elementos estava presente em 1989.



O roteiro é uma desgraça (mais sobre isso daqui a pouco), não existe um ponto aonde se quer chegar com isso, e talvez mais importante de tudo, Sylvester McCoy não é NEM DE LONGE um ator bom o suficiente para carregar uma atuação dessas nas costas. E mesmo que fosse, ainda sim não teria os ensaios e o suporte da direção para ajuda-lo com isso.

Desculpe, mas o Doutor ver a arma que ele trouxe para a Terra chacinar pelo menos 20 pessoas e apenas soltar um "E não tivemos problemas com o protótipo" não serve para mim. É mais do que eu posso aceitar.

Então, essa era de Doctor Who tem um conceito muito ruim - que precisa de uma qualidade enorme do ator, roteiro e direção para funcionar - que só consegue ser ofuscado pelo quão pior ainda era a execução disso tudo.

Rikka, oh, Rikka. Pelo amor da pintura azul da TARDIS, como essa série foi mal feita. Se ver um Doutor sempre rabugento e mesquinho é ruim, ver isso quando os atores não tinham tempo para ensaiar e um EPISÓDIO INTEIRO dos quatro era cortado porque ficou ruim demais, é de doer na alma.

Tradicionalmente os arcos de Doctor Who eram 4 episódios de 20 minutos, mas mais frequentemente do que seria aceitavel (e ZERO seria um numero de vezes aceitavel), os arcos eram de 3 episódios não porque eles eram escritos assim, mas porque o material ficava tão ruim, tão ruim que a BBC preferia tirar 20 a 30 minutos de cenas gravadas e tentar emendar de algum jeito na edição.

Adivinhe se eles conseguiam...



Ghostlight é o melhor exemplo disso: o conceito dessa história é muito, muito bom. É sobre um alien que é mandado para a Terra para catalogar TODA a vida nesse planeta, só que quando ele termina seu trabalho a evolução já tinha mudado todas as coisas e ele fica puto de ter todo aquele trabalho em vão - ao que ele decide então "FODA-SE ESSA MERDA" e apenas petrificar toda vida na Terra porque, né, falta de respeito pelo trabalho dos outros. De alguma forma ele é detido pelos nativos da época e fica em sono até os dias de hoje, quando despertara para acabar com essa putaria de evolução e estabelecer o diabo do respeito de novo, tão pensando o que?

Ok, é um conceito bem legal, um negócio até um tanto Douglas Adams. O problema é que assistindo o episódio você não vê nada disso. A sensação que você tem é de estar assistindo uma peça de teatro conceitual onde os produtores apenas deram uma olhada bem de cima na pagina da Wikipedia da Ilha do Dr. Mureau e Rock Horror Show.  Sabe quando uma obra tem dialogos tão desconexos que sequer parece que os personagens estão falando um com o outro?

Ghostlight são três episódios disso (que deveriam ser quatro).



O Doutor e sua companion estão presos em uma mansão vitoriana... por algum motivo... que é um tipo de asilo... onde outro tipo de empregados assumem a noite... mas durante o dia está tudo normal... quando a jovem mocinha vitoriana está explicando sobre o Doutor da mãe dela. Ela então abre a gaveta de uma comoda e tem um CARA dormindo ali dentro! Um cara dentro da gaveta, como de necrotério, sabe?

O Doutor e sua companions vem isso, ninguém comenta nada e a conversa continua sobre um assunto inteiramente diferente e não relacionado com o anterior. E é isso! Se descrevendo isso não faz o menor sentido, assistindo a única sensação que você tem é que eles tiraram paginas do script aleatoriamente - o que, a este ponto, não é algo que eu duvido.

Dizer que as histórias são ruins é um exegero, porque sequer histórias elas são! São falas aleatórias que não se conectam com nada, com sentido nenhum. Sem mentira nenhuma que eu esperava o Doutor começar a declamar coisas como "Chuva... Cebolas... o mar caspio bate contra o rochedo, pois a luz ecoa na alma do passaro!". Se você sempre quis ver como são duas temporadas de uma série escrita por alguém no momento que essa pessoa está tendo um AVC, essa é a oportunidade de uma vida.



E ajuda muito pouco que a atuação de Sylveste McCoy nesse show de horrores experimental seja esquecível no seu melhor, e canastrona no seu pior. E não um canastrão divertido, que tem noção do quão tosco ele está sendo e se diverte com isso como o Terceiro Doutorp, mas um canastrão ruim tipo ruim mesmo.

Quando um ator não é muito bom, ou ele pega um personagem que ele sente que não dá para tirar nada dele, ele usa o que se chama no teatro de "muletas de atuação". O ator dá ao personagem alguma caracteristica aleatória apenas para ele ter algo com o que trabalhar. O ator pode decidir interpretar o personagem gago, ou manco, ou com algum TOC especifico - qualquer coisa que não estava no roteiro e o ator inventou da cabeça dele. Neste caso, o Doutor de Sylvester McCoy pronuncia os R's como o pior imitador do Galvão Bueno de todos os tempos.


Isso é culpa do Sylvester McCoy, especificamente? Estaria quebrado o mantra de que a BBC nunca escalou um ator ruim para ser o Doutor? Hmm, eu não acho que seja o caso realmente. Quer dizer, o Sylvester McCoy é um bom ator, ele consegue ser uma das poucas coisas realmente boas no banho de salmoura gelada que é o filme do Hobbit!


Não, ele não é um ator desprezível, o que eu firmemente acredito é que a direção não deu NADA para ele trabalhar. E quando eu digo nada, é nada de nada mesmo! Sem mentira, em momentos aleatórios ele começava a fazer truques de mágica ou batucar com colheres porque não tinha NADA para fazer com o personagem na tela. Eu sei a diferença de quando o Doutor está sendo apenas excentrico e quando o ator está mais perdido que Adão no dia das mães!

Verdade que ele não carregou o show nas costas sozinho como o Colin Baker fez, mas não fazer um milagre não quer dizer que você seja mediocre.

E mais ou menos o mesmo pode ser dito da sua companion, Ace. Sophie Aldred claramente fez o melhor que pode com a personagem, mas a verdade é que não tinha muito com o que ela trabalhar realmente. Veja só: o Doutor conheceu Ace no futuro quando ela trabalhava como garçonete em um planeta do outro lado da galaxia. Ok.



Aí, em outro arco passaram a trata-la como se ela fosse do presente. Certo. Então, ela passou a não apenas ser dos anos 80, como tinha uma experiencia traumatica em um orfanato chamado Perivale. Tá bom. Então, Ace agora não era mais órfã, ela apenas fugiu de casa porque algo terrível aconteceu. Tá. Outro arco mais pra frente Perivale deixou de ser um orfanato e agora era uma cidadezinha bucólica, e Ace não tem mais experiencia traumática nenhuma, ela apenas estava entendiada.

Ah mas vão se foderem, porra! Escrevam a merda do backstory da personagem ANTES de começarem a gravar os episódios, e não mudem TODO ARCO da onde ela é, de quando ela é, e o que aconteceu no passado dela!

Eu sei que Doctor Who já tinha dado uma rateada assim antes (Turlough era um companion do quinto Doutor que começou como humano e depois a série decidiu que agora ele era alien), mas foi UMA vez, não toda maldita semana. TODO FUCKING ARCO! Mas que desgraça!

Bem, pelo menos aqui Ace é tratada como uma criança e não é sexualizada selvagemente, porque tudo que faltava era Doctor Who ser sobre as tetas da companion DE NOVO, mas era só o que faltava mesmo!

Não, sério, esse é o boneco oficial da Peri...

Pelo amor de Rassilon, como nós chegamos a este ponto? Como as coisas regrediram tanto? Doctor Who começou em 1963 como uma série muito a frente do seu tempo! As mulheres eram tratadas não apenas com respeito, mas com protagonismo e autosuficiencia! Os monstros, meu deus como os monstros regrediram!

Em 1963 Sidney Newman era radicalmente contra colocar monstros "de sci-fi toscos" em sua série, e Verity Lambert convenceu ele criando monstros com um simbolismo, com uma mensagem - no caso, aliens que já foram pessoas um dia mas escolheram se fechar dentro de armaduras de ferro e odiar tudo que não fosse igual a eles, uma mensagem bastante poderosa ainda nos dias de hoje. Doctor Who não tinha orçamento, mas ao menos eles tentavam fazer monstros criativos, que significassem alguma coisa!

Quando a saúde de William Hartnell foi se deteriorando, eles tiveram que ser mais criativos ainda para criar monstros que o Doutor pudesse enfrentar sem grandes correrias, mas através de dialogos! É assim que Doctor Who nasceu, é isso que a série foi durante 24 anos! Mas agora não, os monstros na série são apenas animais sem inteligencia que tem que ser derrotados e...

E O KANDYMAN?


Eu... eu desisto. Sério, pra mim chega. 

Ver Doctor Who se degradar nessa espiral de mediocridade e dor é mais do que eu posso aguentar. Como alguém que está dormindo na sala de espera do hospital pelo terceiro mês seguido para fazer companhia a alguém que você ama, eu realmente quero apenas que isso termine e eu possa ir para casa recomeçar minha vida.

Não restou nada de Doctor Who em Doctor Who, então não faz sentido continuar usando esse nome.

E foi exatamente o que foi feito. Em 6 de dezembro de 1989 ia ao ar a terceira parte de (ironicamente) Survival, o último arco da série clássica de Doctor Who. E é assim que termina, não com uma explossão, mas com um lamúrio.

Sabe, eu estou triste que terminou desse jeito, meu pequeno coração autista está em pedaços, mas eu não posso dizer que me arrependo da jornada aqui. Na verdade, foi uma jornada maravilhosa. Realmente maravilhosa.

Eu posso dizer que ... eu vi algumas coisas. Eu vi um universo onde as leis da física eram concebidas pela mente de maluco...


... eu vi o universo congelar e toda criação queimar...



... eu vi coisas que você não acreditaria ...


... eu perdi coisas que você jamais entenderá!


... e eu sei de coisas, segredos que nunca devem ser ditos, conhecimento que nunca deve ser dito!


 Conhecimento que fariam deuses-parasitas queimarem!


Então, tudo que eu realmente posso dizer é que você pode descansar por agora, Doutor. Você foi incrível, você foi engraçado, você foi louco, você foi tudo que eu esperava que você fosse, mas agora é hora de descansar e deixar o tempo curar as feridas. 
 
O futuro, como já sabemos dado que o futuro não é uma progressão direta de causa-efeito e sim mais uma coisa coisada de timey-wimey, será incrivel. Mas isso é depois, chegaremos lá a estas grandes coisas. 



A série clássica de Doctor Who terminou da pior forma que poderia terminar, mas está tudo bem. Tudo realmente está bem, porque eu sei que o futuro não será nada menos do que...


Existe, entretanto, mais uma parada que precisamos fazer antes de chegar lá. Será uma parada breve, não se preocupem, mas não menos terrível por conta disso. Porque o caminho para redenção não está completo e logo descobriremos que se Doctor Who estava no fundo do poço em 1989, esse poço tinha alçapão...



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