[FILMES] ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD (ou o inception das metalinguagens)

| segunda-feira, 16 de setembro de 2019


Para realmente entender Once Upon a Time in Hollywood, é necessário entender a própria história dos Estados Unidos. Sim, é realmente importante - eu não estou sendo aleatoriamente derivativo em referencia a ser um filme do Tarantino. 

Originalmente, os Estados Unidos foram colonizados por ingleses que a Inglaterra estava liberal demais e preferiram tentar a sorte no novo mundo do que compactuar com aquela assanhadice toda.

- Tem certeza que vocês querem ir pra lá? Cara, quer dizer, não tem nada lá! Literalmente nada!
- Então também não tem as putarias de vocês! Ótimo!

Os colonos protestantes ingleses que foram para a América eram os caras que a Inglaterra do século XVIII era liberal demais! "Conservador" sequer começa a descrever esses caras, são os caras que acusariam o talkey de ser um hippie sem valores!

Desnecessário dizer o quanto isso moldou toda cultura americana pelos próximos SÉCULOS. Ainda hoje os Estados Unidos são um país ultra-conservador que é muito arraigado a cultura NIMBY (not in my backyard).



Então vieram os anos 60. E, como toda criança que cresceu com pais que não faziam ideia do estão fazendo (ou seja, todo mundo), os Estados Unidos entraram nessa espécie de adolescencia destinados a encontrar o seu próprio caminho, um caminho diferente dos seus fundadores. Muitas coisas contribuíram para isso: eram tempos da primeira geração nascida após a Segunda Guerra Mundial (chamada de baby boomers), uma geração que conheceu apenas pujança economica e prosperidade. Eram tempos em que você podia criar três filhos, ter uma casa e dois carros apenas com ensino médio e quando muito um curso de datilografia.

Os movimentos civis também avançaram magnificamente nos anos 60 - não sem grandes custos, verdade - sob a liderança de nomes como Rosa Parks, Marthin Luther King e Malcon X. Com grande ajuda dos quadrinhos do Super-Homem, a KKK foi reduzida de uma organização séria ao status de piada nacional. A pílula anticoncepcional também trouxe uma liberdade as mulheres nunca antes sonhada, o sexo pela primeira vez na história da humanidade deixara de ter consequencias horrendas para quem tem útero e isso mudava completamente as regras do jogo.

No campo político os Estados Unidos estavam vencendo a corrida espacial contra a União Soviética - até o fim daquela década um americano andaria na Lua - o que era uma forma chique de dizer que eles tinham mais tecnologia do que a mãe Rússia podia sonhar, e os americanos tinham menos o que temer do que nas décadas anteriores.

Eram tempos que a América descobria sua nova identidade como capital cultural do mundo, liderada por Hollywood. Eram tempos de tentar novas coisas. Eram dias do amor livre e do questionamento a instituições bizarras e ultrapassadas, como o alistamento militar obrigatório e a monogamia.

O sonho americano estava prosperando, tudo estava dando certo. As coisas iam dar certo.



E então... deu tudo errado. Os anos 70 vieram e cagaram com tudo. Mas não foi apenas tipo "dar errado", tudo deu FANTASTICAMENTE errado. Quase tudo que podia dar errado deu errado, para falar a verdade. A guerra do Vietnam se transformou em um mar de sangue americano que ninguém esperava ver. O presidente americano (até então uma figura quase messianica desde os tempos de Abraham Lincoln) foi descoberto em um esquema de mentiras e corrupção nunca antes sonhado naquele país (o que no Brasil nós chamariamos de "outra terça-feira", mas Richard Nixxon foi a perda da inocencia política dos US and A). A economia se embananou fabulosamente. Mais pra frente teve a AIDS, que quebrou as pernas da liberdade sexual pq a pimbada voltava a ter consequencias negativas mais uma vez. As drogas, que eram engraçadinhas e recreativas com a maconha e o LSD, evoluiram para algo perigoso e mortal com a heroína e o crack. 

A violencia cresceu tão brutamente que se nós vermos cenas de Nova York dos anos 70/80 parece que estamos vendo o Rio de Janeiro. Era um lugar sujo, perigoso tomado por gangues e cracudos.

Taxi Driver, filme de 1976 que projetou Robert de Niro para o mundo, é a obra máxima do pesadelo sujo e sombrio que o sonho americano dos anos 60 veio a se tornar.


FODEU A PORRA TODA E NÃO FOI POUCO!

Mas... quando as coisas começaram a dar tão errado, exatamente? Claro que não dá para apontar uma única data porque não foi uma coisa só... mas se tivesse que ser apontado, muitas pessoas diriam que foi em 29 de agosto de 1969.

O que aconteceu nesta data, exatamente? Bem, naquela madrugada três hippies a mando do culto de Charles Manson no Rancho Spahn, invadiram a casa do cineasta Roman Polanski (vencedor do Oscar daquele ano de melhor roteiro adaptado por "O Bebê de Rosemary") e brutalmente assassinaram sua esposa Sharon Tate - então grávida de 8 meses - e todos os hospedes da casa (Polanski estava filmando na Inglaterra na época).

Até hoje não se sabe o que, exatamente, Charles Manson pretendia quando mandou seus hippies assassinarem aquelas pessoas. Susan “Sadie” Atkins, Patricia “Katie” Krenwinkel, e Charles “Tex” Watson - todos condenados a prisão perpetua sem direito a condicional - não tem justificava maior do que "Charles Manson mandou", e o próprio Manson nunca deu uma resposta coerente sobre o tema. E nem vai dar, porque ele morreu na prisão em 2017 após 48 anos preso.

Mas o "porque" não é tão importante quanto as consequenciais que aquele verão de 69 teve. Aquele foi o verão que mudou tudo. Uma tragédia inesperada, explorada pela mídia de maneira exaustiva, com detalhes horrendos, ainda mais por ter atingido gente rica, famosa e querida, gente aspiracional. Uma queridinha da América adorada por todos. Para muitos, foi o dia que a inocência da cultura americana morreu.

É um pouco difícil para nós brasileiros entendermos o impacto que esse crime teve no dia a dia do americano médio, aquele cara que assistia TV, cinema, ouvia música disco e rock’n roll. O mais próximo que eu posso chegar de explicar isso foi o dia que o Ayrton Senna morreu, algo se quebrou e as coisas jamais seriam as mesmas novamente. Ayrton Senna era, de certa forma, o brasileiro que deu certo. Ele vencia não porque ele teve sorte, ou porque deu um "jeitinho", sem truques e sim porque ele era o primeiro a chegar na pista e o ultimo a sair, virando mais de uma madrugada acordado com os mecanicos deixando o carro perfeito. Senna era alguém que nos inspirava a ser pessoas melhores, a fazer as coisas do jeito certo e trabalhar duro porque dava certo. E quando ele morreu, ficou um vazio que nunca mais foi ocupado por ninguém.

Então a sensação é tipo essa, com a diferença que o Ayrton Senna não foi estripado vivo gravido de oito meses por motivo nenhum. Foi pior, muito pior.

Em choque, a cultura americana parou de progredir e começou a regredir, resultando no conservadorismo tacanho que vemos hoje - o mesmo que ainda elege Trumps e Bushes da vida, e que deixaria os conservadores que fundaram o país orgulhosos.

E "Era uma vez em Hollywood" é um filme sobre isso, sobre a morte da inocência.

Um "galã" de televisão querendo provar que é mais que um rostinho bonito e pagando mico em rede nacional? De onde será que o Tarantino tirou isso?

Quando se anunciou que Tarantino ia fazer um filme focado nos assassinatos cometidos pela "família Manson", todo mundo pensou no tradicional banho de sangue tarantinesco. Só que Tarantino é inteligente demais, e tem coisas interessantes demais a dizer (mesmo que nem sempre coesas ou relevantes) para simplesmente fazer um banho de sangue com uma mulher grávida sendo esfaqueada até a morte. Esse filme não é sobre isso.

E também porque ele já fez um filme sobre isso, Tarantino não gosta de se repetir.

Não, "Era uma vez em Hollywood" é mais do que isso, muito mais do que isso. É uma carta de amor aos últimos dias de inocência da cultura americana, é um ode ao ocaso de uma era. Tanto que Sharon Tate mal pode ser considerada como uma personagem, ela é filmada como um ideal, um conceito, como um sonho de um futuro melhor que todos sabemos que será feito em pedaços de uma forma horrível.

Mais de uma vez eu já comparei o Tarantino ao Douglas Adams: ele tem um dom extraordinário para encher linguiça - o que não é uma critica, a linguiça criada é fumegante e deliciosa - mas nem sempre faz o melhor uso desse talento.

Nesse filme Tarantino reuniu seus amigos e colaboradores (quem não é protagonista tem, pelo menos, uma participação e você pode ficar brincando de "já vi esse cara antes"), suas assinaturas visuais, seus fetiches (caso você não tenha percebido até hoje, vai ser difícil ignorar o tesão que ele tem por pés e botar fogo em nazistas), e fez uma ode às coisas que ele verdadeiramente ama no cinema. Aos dublês, aos atores que um dia foram superestrelas, à idade que não perdoa ninguém naquele universo (exceto a Sandra Bullock, que de alguma forma está mais bonita hoje do que quando era novinha). Às suas referências (e você nota o quanto Spaghetti Western, filmes de kung fu e blaxploitation formaram o cineasta que ele é hoje). Faltou só o Samuel L. Jackson nesse filme.



A gente acompanha o astro decadente que fez escolhas ruins na carreira Rick Dalton e seu duble-parça-faztudo Cliff Booth neste mundinho do Bosque Sagrado, e entre sua tentativa de ser alguém neste mundinho nós temos uma ideia de como varias coisas funcionam por trás das cameras. Como era a publicidade dos filmes naquela época, os sets dos faroestes e filmes de lutinha; como o diretor dirige um filme, nós podemos pode ver os bastidores de celebridades famosas ainda hoje como Bruce Lee e Steven Mcqueen (para os mais jovens, sim, o Relampago Marquinhos é inspirado nele) e tantas outras que apenas os cinéfilos mais ardorosos vão reconhecer. Era uma Vez em Hollywood transforma aquela época e aquele lugar em protagonistas de uma história toda baseada em personagens e faz uma ode ao cinema, uma espécie de Tarantino no Tarantinoverse, com diversas fases e facetas de tudo o que ele já produziu, falou, pensou, viveu e VIU num mesmo filme

Ta, certo, mas onde ele quer chegar com isso?

Então, até Pulp Fiction, a encheção de linguiça sem um proposito maior é quase um fim em si mesmo - o que, novamente, não é uma critica já que o próprio nome do filme remete a que a pelicula é uma coletanea de contos pulp (revistas de baixa qualidade impressas para ganhar pela quantidade, usualmente abusando mistérios policiais, violencia e sensualidade vulgar para a época). 



Jackie Brown foi o seu primeiro flerte com o Blaxploitation, mas foi só a partir de Bastardos Inglórios que ele começou a realmente usar "seus poderes para o bem". Ali os diálogos quase aleatórios (mas muito bem escritos) servem a um proposito maior, que é construir tensão e temer pelo destino dos personagens.

Em Django Livre ele refina isso, usando seu fala-fala habitual para acentuar traços que nos farão torcer contra ou a favor daquelas pessoas fictícias. Porem em "Era uma vez em Hollywood" ele eleva a sua "encheção de linguiça" a um status sublime de arte. O grande tema do filme, não, o grande personagem do filme na verdade é a Hollywood dos anos 60 e neste sentido as mais de duas horas de filme direcionam todas as forças dos dialogos randomicos Tarantinescos a construir e trabalhar esse personagem.



Aqui Tarantino faz algo que eu estou acostumado a ver apenas em videogames: ele usa os dialogos para fazer uma narrativa através do cenário. Não muito diferente do que The Last of Us ou Dark Souls faz, a história é conta muito mais pela atmosfera que a cerca do que pelo que esta fisicamente acontecendo em tela. Quem conta a história é o zeitergeist, não o roteirista. Sinceramente, eu nunca tinha visto um filme fazer isso, não dessa maneira.

Toda essa construção de mundo trabalha de mãos dadas com o tema do filme: o fim da inocencia. A amizade de Cliff e Rick caminha para terminar, o sonho colorido de sexo fácil com novinhas hippies se mostra um pesadelo, Rick aceita que a carreira dele foi pro vinagre de vez e o mundo vai se tornando gradualmente uma versão mais feia e suja dele mesmo.

Isso não quer dizer que Tarantino, em algum momento, esteja alheio a história que ele esta contando. Ele tem total ciência disso, e mais importante que tudo, ele sabe que o publico sabe como aquilo termina. E usa isso a seu favor. É até interessante imaginar como funciona esse filme para alguém que é alheio a história real, porque esse é um elemento narrativo de tensão muito importante.

Quando Charles Manson aparece brevemente com seu olhar sociopata, para quem não está ciente da história pode parecer apenas randomico - porque no filme ele não faz muita coisa. Quando Booth vai parar no coração do Rancho Spahn com todo culto de Manson assistindo, pode não parecer tão tenso - são apenas hippies magrelas, afinal - quando você não sabe do que aqueles degenerados foram capazes na vida real.



Com quase requintes de crueldade, no último dia do filme Tarantino até coloca um timer para marcar temporalmente o que está acontecendo. 7 da noite. Tic-tac, a hora está chegando. 8 da noite. Você sabe como essa história termina. 10 da noite. Os personagens que seriam fisicamente capazes de impedir isso (especialmente o Brad Pitt, que é mostrado mais do que fisicamente capaz lutando contra o Bruce Lee) estão incapacitados devido a drogas e alcool. 11 da noite. Não há esperança, vai dar merda. Meia-noite, Linda Kasabian "dá pra trás" e abandona seus colegas de matança - o que significa que o filme está seguindo os fatos fielmente. Brad Pitt fumou o cigarro "batizado". Fodeu de vez.

E então... Tarantino tem a sacada mais genial da sua carreira. "Era uma vez em Hollywood" não é um documentário. E se tem algo que o Tarantino tem verdadeira paixão tanto quanto pés, é em estraçalhar trasheiramente caras indesculpavelmente maus, sejam eles nazistas...


... escravagistas ...


... ou neste caso, os dementes do Charles Manson. Se o próximo filme do Tarantino for sobre pedofilos sendo esfarelados, confesso que eu não ficarei chocado (ou triste). Ele tem essa coisa fazer ultraviolencia com esses tipos que nos fazem dizer:


Então aos 45 do segundo tempo, quando não havia esperança nenhuma de que as coisas acabassem bem. Isso foi além do genial.

E o grande segredo disso, desse final apoteótico, é justamente que durante todo o filme Tarantino escondeu a sua "Tarantinagem". Desde Cães de Aluguel até o final de Os Oito Odiados, você sabe que está vendo um filme escrito e dirigido por Quentin Tarantino. Os personagens existem num mundo caricato, um mundo no qual nem as leis da física nem a maneira como as pessoas conversam são normais. É tudo muito mais estético, com a função de extrapolar, tanto em violência como em linguagem.

Em "Era uma Vez", essa extrapolação e violência existe, mas ela existe apenas na ficção dentro da ficção - ou seja, nos programas de TV e filmes que os personagens assistem ou lembram. É como se os personagens da Margot Robbie, Brad Pitt e Leonardo Di Caprio vivem em um mundo real. Ele estabelece uma metanarrativa muito especifica para com o publico que conhece o seu trabalho (já somada a metanarrativa para quem conhece a história real, vai anotando aí).

E então a família Manson entra na “casa errada”, e estamos de volta ao mundo de Kill Bill e Pulp Fiction. Sangue, agressividade, pessoas sendo destroçadas por cães e um lança-chamas. Porque é claro que tem que ter um lança-chamas. Até mesmo a ação dos personagens foge à realidade, com algumas reações cartunescas destoando de todo o "realismo" que víamos até ali.

É uma metanarrativa dentro outra metanarrativa para no fim desconstruir toda essa metanarratividade construída em momentos de glória e caras maus tendo suas caras amassadas na parede. É catartico, é lindo, é arte em seu melhor estado.

 A comparação mais recente que vem à mente é, ironicamente, com Spike Lee. Em seu recente e excelente Infiltrado na Klan, seguimos uma história contada por uma lente um pouco diferente do que estávamos acostumados, olhando para a carreira dele. Lances estilísticos, “marcas de assinatura” de menos, e um foco mais tradicional ao seu storytelling que nos levou até a uma cena perto do final que mais lembrava uma Sessão da Tarde: o cara racista do mau é preso, enquanto os heróis riem no bar, depois que a missão foi cumprida. Só que aí, você está desarmado. E no finalzinho do filme, Spike Lee vem chutar você na boca lembrando não só que ele é Spike Lee, mas que o mundo em que você vive não é uma Sessão da Tarde.

Para baratear o custo da produção dos Westerns Spaghettis, não era exigido que todos os atores falassem o mesmo idioma (o que é um grande problema na Europa). Então o filme era gravado com cada um falando suas falas em sua lingua nativa, e depois o filme era dublado para o idioma para onde se queria vender a produção
Tarantino termina o filme mostrando as quatro vítimas originais daquela noite sãs e salvas, encontrando seu herói. Dalton agora está a caminho de um futuro melhor do que o que teria. Então o título do filme aparece e nos joga pra fora do cinema. ”Era uma vez...”. Acabamos de ver uma fábula

A sensação que no seu estomago com a cena final de "Era uma vez" é bastante similar a cena pós créditos do penultimo episódio de Devilman Crybaby, uma das cenas mais poderosas na história da animação de todos os tempos.


Nesse episódio Miki é brutalmente assassinada por humanos (não por demonios) e Akira fracassa em salva-la. Então o episódio termina e nas cenas pós créditos Akira tem um sonho. Um sonho lindo e dourado, um sonho em que as coisas não deram filhadaputamente erradas e eles podem ficar juntos.

"Só por essa noite", a música tema implora. Só por essa noite me deixe sonhar que as coisas poderiam ter dado certo. Só por uma noite, por favor.

"Era uma vez... em Hollywood" é o sonho de Tarantino de um mundo que nunca existiu. Um mundo onde Sharon Tate não morreu, onde a inocencia de uma cultura não morreu. Só por uma noite, só por essa noite, as coisas deram certo. 



O mundo teria sido um lugar melhor se Sharon Tate não tivesse morrido naquele 29 de agosto de 1969? Provavelmente não. Muito certamente não, a vida real é mais complexa do que isso. Mas esse não é o ponto aqui. O "Era uma vez..." do final no faz imaginar como as coisas poderiam ter sido.

E se o amor  e a esperança tivessem vencido cinquenta anos atrás, que tipo de mundo, que tipo de vida teriamos hoje? O quão mais adiantadas, o quão melhores as coisas estariam hoje? Um único fato não mudaria tudo, mas Tarantino é um artista e artistas trabalham com ideias, não fatos. Isso faz daquele final com Sharon Tate e seus amigos rindo e entrando na casa felizes algo tão poderoso, isso faz o final do filme tão belo e triste ao mesmo tempo. É a obra-prima de infindas camadas do maior diretor de cinema dos nossos tempos.

É só um conto de fadas, sim, mas é um em que eu realmente gostaria de viver.


Quentin Tarantino após terminar de filmar "Era uma vez" - CIRCA, 2019


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