[FILMES] LEGO 2: A Segunda Parte (ou unbelievable, super cool, outrageous and amazing)

| quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019


Eu vou te contar uma coisa que provavelmente você já sabe: as pessoas não são incríveis. Como o jornalismo sobrevive quase exclusivamente em mostrar, se você abrir qualquer noticiario nesse exato momento 80% das notícias serão sobre coisas horríveis, crueis, mesquinhas e tão tristes que farão você lamentar que o primeiro proto-anfibio se arrastou para fora do lodo primordial em primeiro lugar.

E infelizmente eles estão certos. Nossa espécie gasta uma quantidade aborrentamente anormal de energia sendo o mais horrível e terrível que fisicamente pode com tudo e todos. Isso é realmente verdade.

A boa notícia - uma que gera bem menos cliques - é que isso não é tudo que há para ver a respeito dos seres humanos. Enquanto nós temos o potencial para ser realmente tão terríveis quanto as capas de jornais vendem, ao mesmo tempo temos um talento inacreditavelmente infinito de sermos inacreditaveis, super descolados, divadores e espetacularmente fenomenais, fastásticos e tão incríveis, Woo Hoo!

E de tempos em tempos algumas coisas nos lembram do quão incrivelmente legais nós podemos ser. Nós, como espécie, fizemos um planeta ser inteiramente habitado por robôs, o quão maneiro é isso?


O quão legal é isso?

Um dia, trabalhando junto e deixando todas nossas merdas de lado, vamos colonizar as estrelas e ver todas as coisas inacreditaveis que existem para serem vistas. Eu tenho certeza disso porque isso já aconteceu antes, nós já fizemos isso antes com o oceano. Sem frescura, sem merdas, apenas pessoas sendo possivelmente o melhor que podemos ser porque é o que as pessoas fazem de melhor.


Nós vivemos, literalmente, na primeira geração da história da humanidade que pode erradicar a miséria da face da Terra. Como uma doença extinta. Porque nós somos legais desse jeito.


Acho que já deu para entender a ideia, certo? E na história da humanidade tão poucos brinquedos conseguiram capturar tão bem essa capacidade quanto Lego. Antes de aprendermos sobre mesquinharia, inveja ou ódio, tem algo infinitamente incrível dentro de nós que esse brinquedo consegue trazer.

Antes do racismo, do nacionalismo e dos textões do Facebook, existiam as viagens no tempo, os dinossauros operando naves espaciais, os crossovers de Super-Heróis, sobre batalhas para salvar o futuro do universo e veículos totalmente irados em futuro pós-apocaliptico. Lego é sobre tudo de mais incrível que nós conseguimos imaginar, e esse filme transmite tão bem toda essa incredibilidade toda.

Mais uma vez.

A melhor forma de explicar "Lego 2: A Segunda Parte" (sim, esse é o nome de verdade) é que esse filme foi escrito por uma criança brincando de Lego. E então executado por adultos que sabem muito bem o que estão fazendo. Sabe aquelas imagens de "desenhos de crianças refeitos por adultos"?



Lego 2 é basicamente isso.

Mas então você pode se perguntar "ué, mas esse não é exatamente o conceito do primeiro filme?"

UÉ, MAS ESSE NÃO É O EXATAMENTE O CONCEITO DO PRIMEIRO FILME?

Atrasado, heim, Jorge? Mas sim, é.

TRANSITO RUIM. MAS ENTÃO, COMO É DIFERENTE?

Bem, a resposta mais simples é que ... eles não se preocuparam muito com isso. Ou se preocuparam muito com coisas que não importam, na verdade. Rótulos, formulas, nada disso. "Uma continuação tem que..." TEM QUE NADA, senhor especialista de Facebook! Tem que ser exatamente o que Lego 2 é: uma história divertida com dinossauros que viajam no tempo, uma rainha totalmente não maligna e piadas muito inteligentes que vão além do óbvio.



"Esse filme não vai terminar com um final trágico super triste só para as pessoas assistirem a continuação, né?"

Deixa eu colocar o quanto eu gostei desse filme de outra forma: quando joga um jogo feito pela Nintendo você sabe que não vai sair desapontado. Não importa sua idade, não importa que generos você goste, não importa o quanto você entenda de formulas, quando o jogo começa com o logo da Big N apenas relaxe que você vai ter bons momentos pela frente.

Lego e Lego 2 são o equivalente cinematográfico a isso. Apenas esqueça suas preocupações, relaxe, que a diversão vai vir na medida certa.

Eu não costumo elogiar filmes tanto assim, mas a verdade é que Lego: The Movie é uma das minha animações favoritas de todos os tempos e Lego 2 consegue melhorar todos os pontos fracos do primeiro filme. Emmet, por exemplo, no primeiro filme é o bobão inocente e boa parte das piadas do filme vem da burrice ou ingenuidade dele - algumas você consegue ver vindo de longe.

Isso foi bastante melhorado agora, e Emmet não é mais retratado como um imbecil mas sim como um otimista incorrigivel. O que são coisas completamente diferentes, e casa completamente com o tema do filme. O que é, afinal, amadurecer? É ser super sério, dark, trevoso e se preocupar com coisas super adultas o tempo todo?

- O futuro é um lugar terrível, onde nada do que chamávamos de civilização restou
- Um café descafeinado com bastante leite, por favor!
- Quase nada.

"Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me adulto, esqueci as coisas de criança."

Hmm, talvez a resposta não seja essa afinal. Talvez a resposta seja ser quem você é e gostar das coisas que você gosta, se importar com o que te faz feliz... mesmo que sejam brinquedos, desenhos animados ou videogames. Ser adulto de verdade é não se importar com rótulos, e o tema do filme é essa jornada de aceitação que tentar ser adulto é a coisa menos adulta que pode existir.

Claro, quando a nossa idade sobe para os dois dígitos, podemos entender que tudo não é incrível o tempo todo. Mas se mantivermos o otimismo, o senso de alegria e esperança e, sim, a capacidade infantil de se maravilhar com coisas que são incríveis, ainda podemos fazer a nossa parte para tornar nosso mundo imperfeito um pouco mais incrível.  

Um rainha totalmente não-maligna

Como diz a música da melhor cena de um filme repleto de cenas absolutamente divertidissima (sério, eu não lembro de ter rido tanto no cinema na minha vida como na parte do Radiohead):

Everything's not awesome
But that doesn't mean that it's hopeless and bleak
Everything's not awesome
Things can't be awesome all of the time
It's an unrealistic expectation
But that doesn't mean we shouldn't try
To make everything awesome
In a less idealistic kind of way
We should maybe aim for not bad
'Cause not bad right now would be real great

E que cenário é melhor para essa metafora (ou qualquer metafora) do que uma cidade pós-apocalipica com várias piadas sobre os personagens do Chris Pratt, a Rita Repulsa e uma gata guerreira unicornio dublada pela Capitã Marvel?

Como muitas das melhores continuações, ele sutilmente interroga a mensagens de seu antecessor, enquanto usa o sucesso do primeiro filme como uma validação que justifica a liberdade para correr riscos reais e expandindo o mundo de forma desafiadora e emocionante. Ajuda que seja preenchido com uma animação gloriosa, canção perigosamente grudenta e piadas muito inteligentes.

Deus, tem até o narrador dos jogos da Behemot fazendo rap! O que mais alguém pode possívelmente esperar de um filme? 

Phil Lord e Chris Miller conseguiram a façanha de escrever duas das melhores animações de todos os tempos na sequencia (Spiderman into Spiderverse e agora Lego 2) apenas just because, the boys are on fire!

Nem tudo é incrível, mas definitivamente algumas coisas são unbelievable, super cool, outrageous and amazing. Phenomenal, fantastic, so incredible, woo-hoo! Como esse filme. Então apenas se divirta, entre no feel e faça o passo da minhoca, mesmo que você nem sabia que soubesse como fazer!

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