[ANIME] KILL LA KILL (publicado em 2014)

| terça-feira, 27 de agosto de 2024



O que tem em comum a origem da vida na Terra, o mundo da alta costura e a hierarquia social da escola?

Eu prometo também que essa história também tem uma quantidade abusivamente ofensiva de nudez, sangue e batalhas para impedir o apocalipse. Se ficou interessado mas não entendeu como uma coisa dessas pode ser possível então é sinal que você está pronto para conhecer um dos melhores animes de 2013: Kill La Kill.



KLK é um anime de 24 episódios feito pelo novato estúdio Trigger, que de novato não tem nada realmente já que o seu núcleo é composto por veteranos na animação. Não é atoa que a primeira coisa que chama atenção no anime é que ele lembra muito, mas muito mesmo FLCL da Gainax – o que não é nenhuma coincidencia, porque o cerne na equipe é o mesmo.

Alias se for para comparar  com alguma coisa o mais perto que se pode chegar é comparar com FLCL e isso não é pouca merda: o ritmo é frenético e o anime parece quase inteiramente aleatório só que não é. Mas já chegamos a isso.


Em seu começo Kill la Kill é um anime esquisito sobre o modo de vida japones. Através de metaforas de uma cidade severamente dividida em castas dominada por um colégio sob o relho da tiranica Satsuki Kiryuin. Todas as loucuras e non-sense (que não é pouca) do anime podem ser vistos como referencias ao modo de vida e valores da sociedade japonesa, sobretudo a vida estudantil.

Mas sobre o que são essas “loucuras”? Paródias, principalmente.

O anime pega quase todos os generos de animes conhecidos pelo homem e debocha de seus cliches. Então tem a garota mágica que se transforma, o fanservice megaofensivo, o torneio de luta, a vilã com sua “elite de quatro generais”, os cliches de animes esportivos com seus movimentos absurdos e por aí vai.

Tó nos dedos dos cliches!

Muita gente reclama do sexismo exagerado do anime – de fato as meninas lutam fios dentais praticamente inexistentes – mas sinceramente, depois de um ou dois episódios voce para de reparar nessas coisas. A apelação visual é tão grande que chega ao ponto de ser indiferente.

E quase como se o anime pegasse o gerador de formulas de anime e inserisse os espaços em branco com as coisas mais aleatórias possiveis apenas para mostrar que dá pra fazer. Tipo assim:

Neste mundo o que importa são os
sayajinsconselhos estudantis com seus niveis
de poder de uniformes goku, para ser alguém voce tem que superar o nível de
super sayajinuniforme goku usando coisas como
a semente dos deusesa espada-tesoura ou
a sala de treinamentoo uniforme kamui





Tem gente que acredita em cada coisa, viu…


Para provar mais ainda que voce pode fazer um anime com absolutamente qualquer coisa desde que siga as formulas exploradas a exaustão – bastando apenas trocar os nomes – o tema do anime é moda. A tematica toda é essa, a arma da protagonista é uma tesoura e ao ser derrotados os adversários entregam fios de linha. Substitua as roupas de poder por armaduras (Saint Seiya), Mechas (Gundam) ou Jutsu (Naruto). Voce vai ouvir muito “essa roupa… como pode ser tão poderosa? Não é possivel…”, como em qualquer anime famoso.


Enfim, é tudo uma grande galhofada para mostrar que qualquer coisa vale.

E isso faz de Kill la Kill um anime de médio para ruim. Proposta interessante mas … meh. Apenas meh.


Só que não é só no traço e no estilo da animação nonsense que KLK lembra a perola FLCL.

Lá por volta do 10o episódio uma coisa interessante começa a acontecer. Realmente interessante. Sabe todas aquelas coisas non-sense e aleatórias sobre metaforas para a sociedade japonesa, sobre os cliches de anime e sobre o mundo da moda?

O anime começa então a costurar (sim, o trocadilho foi intencional) todas essas coisas jogadas aparentemente de modo aleatório e sem nexo em um grande cenário coeso e interessante. Voce começa a perceber que todas as coisas aleatórias sem ligação nenhuma na verdade fazem parte de um cenário muito bem pensado e aí a coisa começa a engrenar como uma bola de neve de pura vitória.
Infinitas vezes durante voce pensa “não acredito que eles estão fazendo uma história sobre isso… não tem como ser verdade… e uma história foda pra caralho ainda por cima!”.





Kill la Kill em uma casca de noz


Até o final de seu 24o episódio Kill la Kill segue um ritmo frenético e insano, com reviravoltas toda vez que voce acha que as coisas estão encaminhadas e ja sabe como vai dar. Com a diferença que tudo é bem fundamentado e razoavel dentro do universo proposto, todas as reviravoltas, traições e tramas tem sementes plantadas lá atrás (que voce só percebe quando pensa nisso depois). Nada é gratuito ou sem motivo, até mesmo a peladice tem uma razão que faz muito sentido dentro da história.

Sim, é um mundo onde até o fan service faz sentido. E quando voce percebe já estamos no meio de uma batalha épica contra o apocalipse da moda (sim, isso não só existe como é uma baita história) sem perder a parada de parodiar generos de anime e fazer referencias a sociedade japonesa. Então lá pelo final temos referencias aos animes de luta sim (“Quanto mais perto da morte, mais forte eu fico”, voce já ouviu isso em algum lugar?) mas também cliches de cenários pós-apocalipticos (sim, sobra até pra Akira) e animes de mechas porém tudo de forma organica e integrada a história com muita vitória.





Um elogio maior não pode ser concebido


Sabe aquele momento de Lost em que voce realmente acreditou que todas as coisas aleatorias que eles jogam na historia, todas as reviravoltas e traicoes, tudo isso seria amarrado em uma excelente história? Pois é, Lost te dá uma bela banana e diz “ah ah ah, voce não disse a palavra mágica!”.

Mas Kill la Kill entrega isso.


Só li verdades. Te juro.

E isso que eu nem entrei no mérito de falar da trilha sonora estupenda (a musica tema da vilã é uma obra prima a parte) ou de Satsuki Kiryuin. A antagonista da história é um dos melhores e mais marcantes personagens que eu já vi, ela lembra muito o Vegetta de Dragon Ball só que muito mais inteligente, melhor construida e mais desenvolvida. Estou falando muito sério nesse ponto, se mais nada valeria a pena assistir o anime só por causa dela., mesmo.


Felizmente não é esse o caso porque KLK é um grande show para o qual ela contribui enormemente ao inves de carrega-lo nas costas. E um anime repleto de vitoria.


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